É uma notícia repetida, mas com um senão: o Banco de Portugal não quer entregar ao Parlamento o relatório em que foi avaliada a supervisão exercida sobre o Banco Espírito Santo, mas já há um novo pedido.
O documento foi solicitado pelo Bloco de Esquerda (BE) e pelo Partido Socialista (PS) no inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Houve a recusa do supervisor liderado por Carlos Costa por isso mesmo: o documento é do BES, a comissão é ao banco público. Mas a EY ontem fez uma ligação entre os dois temas. E essa é a razão para o CDS ter novamente pedido o relatório.
“O Banco de Portugal respondeu a esta comissão que este relatório se mantém ao abrigo de dever de segredo profissional porque o âmbito deste relatório não tem relação com a capitalização ou a gestão da Caixa Geral de Depósitos”, contou João Almeida, o deputado do CDS que é também o responsável pelo relatório final do inquérito parlamentar. Ou seja, mesmo com os poderes reforçados dos inquéritos parlamentares, não há a entrega deste documento que já tinha sido pedido noutras iniciativas do género.
O argumento, contudo, não colhe junto do CDS. Na audição da responsável da EY que elaborou o relatório de auditoria aos atos de gestão do banco público, foi assumido que os resultados da Caixa “foram influenciados negativamente com imparidades de um grupo financeiro nacional” e soube-se que se tratava do Grupo Espírito Santo.
“Esta comissão deve conhecer este relatório pelo impacto que esta situação teve nas contas da CGD”, concluiu João Almeida, numa interpelação que antecedeu a audição de Carlos Costa, que é a segunda personalidade a ser ouvida no inquérito parlamentar.
Em causa está uma avaliação feita ao papel do Banco de Portugal no BES, num trabalho de uma equipa liderada por João Costa Pinto, ex-vice-governador do supervisor, e que contou com o apoio da consultora Boston Consulting Group.
Também a defesa de Ricardo Salgado tem pedido acesso a este documento nos tribunais, nomeadamente porque as indicações públicas que existem sobre o mesmo é de que é crítico da atuação de Carlos Costa e do seu antecessor, Vítor Constâncio.