É uma nova fase do programa Revive, que se propõe abrir à concessão turística edifícios de património público que estão ao abandono — e desta vez evoluindo para fora de Portugal. Já foram identificados oito edifícios em São Tomé e Príncipe, designadamente antigas roças de cacau e de café, que irão marcar a estreia do Revive Internacional, um programa que foi possível na sequência do acordo selado esta semana pelo Governo com a Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), com vista a apoiar a recuperação de edifícios históricos ligados à presença portuguesa no continente africano.
“Avançar com projetos Revive nas roças de São Tomé mostra esta capacidade de internacionalização do programa, chegando a todo o património que fala português no mundo”, salienta Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, frisando também tratar-se de “um projeto que visa usar o turismo como um poderoso elemento de cooperação entre os países da CPLP”.
Os oito imóveis identificados em São Tomé e Príncipe para abrir à concessão turística dos privados, num trabalho que envolveu uma equipa técnica portuguesa em articulação com as autoridades locais, referem-se a antigas roças de cacau que estão sem utilização, e dependendo dos casos incluem a casa principal e os habituais edifícios envolventes para acolher trabalhadores, nomeadamente hospitais. Designado Revive Roças, o programa vai integrar as roças de Agostinho Neto, Bela Vista, Porto Alegre, Amparo II, Monte Café, Água Izé e Vista Alegre. Neste pacote também se inclui a roça Diogo Vaz, que se destaca como projeto-piloto por apresentar características que permitem que o edifício possa ser convertido mais facilmente num empreendimento turístico.
“A nossa equipa técnica foi muito pragmática a identificar os imóveis que permitem ser adaptados para unidades hoteleiras”, frisa a secretária de Estado do Turismo, referindo que os concursos do Revive Internacional terão regras semelhantes às de Portugal: os edifícios mantêm-se na posse do Estado, cabendo aos concessionários as obras necessárias para a sua reabilitação.
São Tomé de braços abertos aos hoteleiros portugueses
Reabilitar as roças com investimento privado “é uma grande alternativa a um problema que vínhamos remoendo há muito tempo, para o qual não víamos solução — e para os são-tomenses é uma oportunidade de ver este sonho realizado”, enfatiza Maria da Graça Lavres, ministra do Turismo, Cultura, Comércio e Indústria de São Tomé e Príncipe.
“Esperamos que o programa comece até ao final de 2019, mas o Estado vai avançar aqui com cautela para garantir que se vai dar uma boa utilização a estes edifícios, e preferencialmente para fins turísticos”, adianta a ministra de São Tomé, referindo ser prematuro avançar os valores envolvidos nas concessões. “Seria de bom grado que os interessados fossem portugueses, mas estamos abertos a todos os investidores”. A ministra frisa que estes edifícios “estão altamente degradados, mas pela beleza natural criada por Deus em São Tomé, acredito que os investidores vão ficar satisfeitos”.
Segundo Ana Mendes Godinho, também já foram identificadas algumas dezenas de edifícios ligados à herança portuguesa em Moçambique, Angola e Marrocos, no objetivo se se estender o programa Revive a estes países. “O Revive está a ser um exemplo pragmático de cooperação na CPLP para dinamizar este património que nos une, e que tem de ser um elemento de futuro comum”.