O Partido Socialista quer que a segunda comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, que está a começar os seus trabalhos, tenha acesso ao relatório da auditoria que avaliou a atuação do Banco de Portugal no caso Banco Espírito Santo. Este documento nunca foi divulgado. E é uma análise que o antigo líder do banco, Ricardo Salgado, tem vindo a pedir em tribunal.
O “relatório da auditoria que avaliou as decisões e atuação do Banco de Portugal (BdP) na supervisão do BES” é um dos vários documentos pedidos pelo PS no inquérito à CGD, como hoje divulgados pelo partido. O BE também o tinha solicitado.
O documento contou com o apoio técnico da Boston Consulting Group e tem cerca de 600 páginas, segundo noticiou em 2016 o Jornal de Negócios, sendo que as conclusões apontam para críticas à atuação de Carlos Costa, atual governador, e Vítor Constâncio, seu antecessor.
O trabalho foi feito por uma equipa presidida por João Costa Pinto (agora membro do conselho geral da associação mutualista Montepio), que também é uma personalidade convocada pelo PS, grupo parlamentar que no inquérito à CGD é coordenado por João Paulo Correia (na foto em baixo).
O pedido do PS é feito agora que a comissão de inquérito tem poderes reforçados e pode solicitar documentos que tenham informação sob dever de segredo.
Ricardo Salgado tem-se queixado do facto de este relatório nunca ter sido divulgado publicamente. Aliás, pediu mesmo o seu acesso já para se defender da acusação da comissão liquidatária e do Ministério Público de que é um dos culpados pela derrocada do Banco Espírito Santo, como noticiou a Sábado.
Correspondência com CGD sobre grandes créditos
O PS quer que o Banco de Portugal divulgue a correspondência com a Caixa Geral de Depósitos relativamente aos grandes créditos considerados problemáticos, que foram alvo da auditoria da EY.
Nas audições, o PS chama Vítor Constâncio, antigo líder socialista, que também foi convocado por outros partidos. Manuel Fino e Joe Berardo são convocados por serem clientes da CGD causadores de perdas.
Os membros da comissão parlamentar de inquérito à CGD vão decidir, entre hoje e amanhã, a listagem das pessoas a ouvir até março – há mais de 50 personalidades e é necessário definir prioridades – bem como a documentação.
Para já, é certo que pediram já o acesso prioritário ao relatório de auditoria da EY aos atos de gestão praticados entre 2000 e 2015 no banco público, bem como as atas das reuniões que decidiram e aprovaram os créditos tóxicos. E já se sabe que, na próxima semana, são as audições dos responsáveis da auditora, de Carlos Costa e de Vítor Constâncio.