A Oliver Wyman vai voltar a ser a responsável por validar os 1.149 milhões de euros que o Novo Banco pediu ao Fundo de Resolução, confirmou o Expresso junto do banco liderado por António Ramalho. É depois desta avaliação que será feito o pedido de empréstimo do Fundo ao Estado, que não ficará distante do limite máximo de 850 milhões de euros.
Agente de verificação: é esta a designação do papel da Oliver Wyman no Novo Banco, que vai validar se a ativação do mecanismo de capital contingente (sistema que leva aos pedidos ao Fundo de Resolução) cumpriu o estipulado aquando da sua constituição, em outubro de 2017, quando foi vendido 75% do capital do banco à Lone Star. Já no ano passado tinha sido esta entidade americana a desempenhar este papel.
A Oliver Wyman vai ter de certificar a correção dos números apresentados a 1 de março pelo Novo Banco, relativamente ao exercício do ano passado. O banco solicitou uma compensação de 1.149 milhões de euros ao abrigo daquele mecanismo, justificando que 69% do montante se deveu às perdas assumidas sobre os ativos e 31% devido aos requisitos do capital. O agente de verificação é uma figura prevista desde a venda do Novo Banco e acordada pelo Estado português e a Comissão Europeia, em outubro de 2017, bem como a criação de uma comissão de acompanhamento daquele mecanismo, que é presidida por José Rodrigues de Jesus.
O Fundo de Resolução pode ser chamado a colocar dinheiro, seja pela perda dos valores cobertos pelo mecanismo, seja pelo facto de os rácios caírem abaixo de um determinado patamar. No seu todo, o Fundo, que vive das contribuições da banca, pode ter de injetar 3,89 mil milhões de euros no banco português, de que mantém 25% do capital. O mecanismo pode estender-se até 2026 (o prazo fixo é 2025, mas pode ser estendido por um ano adicional).
Em 2017, este mecanismo tinha sob si uma carteira total de ativos, em valores brutos, avaliada em 10,9 mil milhões de euros, que, após provisões, ou seja, em termos líquidos, vale 5,4 mil milhões de euros. No espaço de um ano, o portefólio passou a ter um montante bruto de 7,5 mil milhões, e de 4 mil milhões, na ótica de montantes líquidos.
Pagamento só depois da verificação
Pelo exercício de 2018, o Fundo de Resolução tem de pôr no banco, segundo os valores anunciados pelo Novo Banco, 1.149 milhões de euros, a juntar aos 792 milhões de euros que tinham sido injetados em 2018 devido ao ano anterior – que foram validados pela mesma Oliver Wyman.
O Fundo de Resolução, presidido pelo vice-governador do Banco de Portugal, Luís Máximo dos Santos, só fará o pagamento depois da certificação legal das contas do Novo Banco, responsabilidade da EY, que é o seu auditor externo, e “após um procedimento de verificação, a realizar por entidade independente, que visa confirmar se o montante a pagar pelo Fundo foi corretamente apurado”. É este último o trabalho que cabe à Oliver Wyman.
Esta entidade, que tem Rodrigo Pinto Ribeiro como sócio, é uma consultora norte-americana que presta serviços em torno do sector financeiro. Em Portugal, foi contratada tanto pelo Ministério das Finanças como pelo Banco de Portugal para trabalhar debruçada no Banif. Em Espanha, trabalhou na avaliação da banca espanhola em 2012.
É depois dessa verificação que o Fundo de Resolução pedirá o empréstimo ao Estado para conseguir colocar 1.149 milhões no banco liderado por António Ramalho. Irá usar as contribuições recebidas, que serão em torno de 250 milhões de euros, pelo que terá de pedir o restante ao Tesouro: daí que esse pedido dificilmente se afastará dos 850 milhões de euros, o limite máximo que pode ser pedido pelo Fundo ao Estado a cada ano ao abrigo deste mecanismo.
Haverá ainda uma auditoria aos créditos que estão sob o mecanismo de capital contingente, como anunciou o Governo na sexta-feira passada. Não se sabe quem será o responsável por esse trabalho nem qual o período temporal em causa.