O Novo Banco vai precisar de 1.149 milhões de euros do Fundo de Resolução por conta dos prejuízos do ano passado, exercício em que registou perdas de 1.412,6 milhões de euros.
Este encargo deve-se ao mecanismo de capitalização contingente que foi acordado entre o Fundo de Resolução, que mantém 25% do Novo Banco, e a Lone Star, dona da restante parcela de capital. Abrange um conjunto determinado de ativos, como créditos problemáticos e imóveis, e é ativado quando esses ativos perdem valor e, ao mesmo tempo, isso afeta os rácios de capital do banco.
António Ramalho explicou, na conferência de imprensa de apresentação de resultados anuais, que foram a perda de valor dos ativos que justificou 69% das perdas assumidas em 2018, que foi prejudicado pelas operações de venda de crédito e de imóveis (os chamados Projeto Nata e Projeto Viriato). Já os restantes 31% tiveram como razão os requisitos de capital – que são tidos em conta na hora de accionar a convocatória ao Fundo de Resolução.
Este fundo, que é financiado pela banca, pode pedir um empréstimo ao Estado para cobrir 850 milhões de euros. O restante terá de ser satisfeito por fundos próprios: por ano, recebe cerca de 250 milhões de euros das contribuições da banca. A soma destes dois valores aproxima-se dos 1,1 mil milhões de euros.
Ao todo, o Novo Banco já solicitou, em dois anos, um total de 1,9 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução ao abrigo do mecanismo de capitalização contingente. Há um teto máximo: 3,89 mil milhões de euros ao fim de oito anos. Sendo assim, quase metade já está utilizado.
No final do ano passado, os ativos sujeitos a este mecanismo tinham um valor líquido de 4 mil milhões de euros, face aos 5,4 mil milhões do fim de 2017. O valor bruto, ou seja, antes do impacto das provisões, é de 7,5 mil milhões, o que quer dizer que essas provisões têm um valor de 3,5 mil milhões.
Malparado representa 22% do crédito total
Com as operações de venda de ativos não produtivos (crédito malparado e ativos imobiliários), embora penalizando os rácios e obrigando à injecção do Fundo de Resolução, o peso do crédito malparado na carteira global baixou. O rácio de malparado passou de 28,1%, em 2017, para 22,4%.
Ao todo, o crédito malparado é de 6,7 mil milhões de euros, sendo que mais de metade está coberto por imparidades, pelo que o valor líquido é de 2,8 mil milhões de euros.
Prejuízos de 1,4 mil milhões
O prejuízo do Novo Banco ascendeu a 1,4 mil milhões de euros no ano passado, um valor próximo do obtido em 2017. Contudo, a injeção dos 792 milhões de euros por parte do Fundo de Resolução em 2017 foi agora reclassificada para reservas quando inicialmente tinham sido registado como receita, por isso houve uma revisão em baixa dos prejuízos daquele ano, que ascenderam a 2,29 mil milhões de euros.
O produto bancário decresceu 37,9% de 2017 para 2018. Os custos operativos registaram também uma queda de 11,3%.
As imparidades e provisões ascenderam a 710 milhões de euros quando em 2017 tinham sido de 2 mil milhões de euros, pelo que se verificou uma queda de 65,5%.
Os depósitos caíram 4,5% no exercício de 2018, devido a um ajustamento das suas remunerações.
Novo Banco "bom" e Novo Banco "mau"
"Há uma parte do banco que queremos que desapareça (ativos tóxicos que estão sob a alçada do Fundo de Resolução) e uma outra parte que queremos que cresça e dê mais crédito às empresas", afirmou António Ramalho.
Foi esta a razão pela qual António Ramalho decidiu apresentar três balanços esta sexta-feira: um que representa aquele que é o "legado" e que do qual se quer livrar no futuro, que representa 22% do balanço total; o recorrente, que corresponde à atividade operacional que a instituição quer manter, 78% do total; e o consolidado, a soma dos dois. O resultado do banco recorrente deu 2 milhões de euros de positivos em 2018 e Ramalho acredita que este ano a atividade do banco possam ter três dígitos.
(Notícia atualizada às 19:04 com mais informações)