A Altice, que não quis apresentar mais compromissos depois da Autoridade da Concorrência (AdC) ter chumbado o primeiro pacote de "remédios", crítica o processo e os reguladores, sublinhando que o mesmo termina, ao fim de um ano, sem que a Concorrência tenha emitido uma decisão final sobre a operação.
"A Altice lamenta que, apesar de ter desenvolvido os melhores esforços nesse sentido, os reguladores não tenham emitido as decisões necessárias à concretização da transação em tempo útil", lê-se no comunicado enviado às redações. E lembra que apresentou "um conjunto muito abrangente de compromissos, com uma vigência alargada", que seriam "monitorizados por um mandatário independente" e prevendo também a "separação das várias áreas de negócio", e, entre outros, "a renúncia a conteúdos exclusivos". Embora a crítica vise sobretudo a AdC, não deixa de ser também dirigida à Anacom, que deu um parecer negativo ao negócio.
A empresa controlada por Patrick Drahi e liderada em Portugal por Alexandre Fonseca "considera que se perdeu uma oportunidade crucial para dinamizar o setor das telecomunicações e dos media em Portugal, bem como para a criação de valor neste setor". Resistiu-se, diz " injustificadamente, e em prejuízo da atratividade da oferta no mercado nacional, à tendência global para a consolidação entre telecomunicações, media, conteúdos e publicidade digital".
A Altice refere-se à recente decisão do tribunal norte-americano que autorizou, sem compromissos, a compra da Time Wraner pela AT&T, "com base na constatação de que a consolidação é necessária para permitir às empresas de media e telecomunicações tradicionais concorrer minimamente com os gigantes da economia digital".
Não obstante o desfecho do negócio, a Altice "reafirma a sua aposta em Portugal, principalmente no mercado das telecomunicações".
E deixa um alerta: "espera-se e até se torna imperioso que todos reflitam sobre as consequências causadas aos investidores, quer nacionais quer estrangeiros, à criação e sustentabilidade de emprego, à criação de valor e por último à economia nacional, dado o excessivo arrastar de tempo deste processo, com as autoridades a indiciar decisões insuficientemente justificadas sem qualquer tipo de paralelo ou referência internacionais e em contraciclo com as atuais tendências nos sectores envolvidos".