Se tem um crédito à habitação ou pensa comprar casa, tem de escolher entre taxa fixa ou taxa variável. A diferença entre uma e outra pode ser de muitos milhares de euros.
Os bancos estão atualmente a propor a muitos clientes como primeira opção a taxa fixa em vez da taxa variável (que segue a oscilações da Euribor). O argumento é o de que a Euribor vai subir, por isso vale a pena os clientes assumirem já um valor fixo para depois não estarem dependentes do valor que a taxa vai assumir nos próximos anos. Há bancos também que estão a contactar os atuais clientes com spreads muito baixos para os tentar convencer a passar para taxa fixa. Será que vale a pena?
Já todos ouvimos falar da Euribor. É uma taxa de juro que os bancos utilizam entre si, que usam para definir qual é a taxa que nós, consumidores, lhes vamos pagar. Como é variável, a três, seis, nove ou 12 meses, os bancos propõem aos clientes ficarem a pagar o mesmo preço durante cinco ou mais anos independentemente do preço a que "comprem" a Euribor no mercado interbancário. Obviamente, esse preço é mais caro do que paga agora.
A Deco acha que não é um bom negócio. De facto, vêm aí subidas na Euribor mas (a menos que haja alguma crise imprevista) serão lentas e graduais. Ou seja, vão começar a subir provavelmente em 2019, até chegarem novamente a zero (uma vez que estão negativas), e depois devem continuar a subir conforme o desempenho da economia europeia até 1 ou 2%.
Vamos a contas. Pedimos um cenário teórico à Deco. Peguemos num financiamento de 100.000 euros para uma casa que vale 125.000. Pedimos um crédito a 30 anos. Se optarmos pela taxa variável (Euribor+spread), uma das ofertas médias no mercado fica com uma taxa de juro de 1,21%. Pagará uma prestação mensal de 331 euros.
Se aceitar a taxa fixa proposta por um determinado banco, a taxa será de 3,083% durante o tempo que contratar. A prestação mensal será de 426 €. Ou seja, mais 94 euros por mês. Mais 1136 euros por ano. É o preço a pagar por saber que aconteça o que acontecer na Europa e no Mundo não vai pagar mais por isso. É como se estivesse a pagar um seguro.
Portanto, são duas opções perfeitamente legítimas. É mesmo uma questão de perfil do cliente bancário: ou vai navegando à vista e pode poupar alguns milhares de euros, ou joga pelo seguro e paga mais todos os anos e pode poupar algum dinheiro (muito ou pouco) conforme a subida mais dramática ou não da Euribor e durante o tempo que se mantiver essa subida.
Um critério pode ser comparar com a média anual da Euribor desde o princípio, de 1999 até agora. A Euribor a 6 meses começou nos 3%, subiu para 4%, desceu para os 2% em 2003, voltou a subir para os 4% em 2007. Em 2009, desceu para 1% e desde então tem vindo sempre a descer até estar em valores negativos há 3 anos. Ora, isto dá uma média em 17 anos de 2%.
Portanto, se tivesse feito o seu crédito à habitação em 1999 com taxa fixa de 3 ou 4%, por exemplo, teria pago muito mais (cerca do dobro) do que alguém que tivesse optado pela taxa variável. Mas com a vantagem de não ter passado pelos sustos de quem apanhou a Euribor a mais de 5% em alguns momentos.
Informar-se agora sobre as várias opções é fundamental. Se quiser jogar pelo seguro e mudar o seu crédito para taxa fixa, peça agora simulações ao seu banco. Antes da Euribor subir. Se pedir a alteração depois disso, vai ficar a pagar muito mais
São raros os bancos que oferecem taxa fixa para todo o prazo do crédito. De acordo com a Deco, só o BPI e o Bankinter aceitam taxa variável a 30 anos. Todos os outros só abaixo disso. A Caixa Geral de Depósitos faz a 25 anos. O Novo Banco faz a 15, e o BCP, o Montepio e o Deutsche Bank apenas até 10 anos. A UCI só faz taxa fica a sete anos e o Crédito Agrícola e o Santander Totta ficam-se pelos cinco anos, no máximo. Depois desses prazos, volta a taxa variável ou renegoceiam o crédito.
Portanto, se um banco o contactar a meter medo com o aumento da Euribor deve ouvir com atenção, fazer as suas contas e decidir o que mais lhe convém, mas de forma racional e não com base em receios neste momento infundados.
Assim que o Banco Central Europeu subir a taxa de juro de referência, a Euribor vai começar a subir. É a esse sinal que deve estar atento. Quando isso acontecer, significa que o tempo da prestação baixa ao banco vai acabar. Prepare-se para isso a partir de 2019, dizem os analistas.
E não se esqueça de que se estiver a pensar amortizar o seu crédito lá mais para a frente, tem de pagar uma penalização de 0,5% se tiver taxa variável mas é de 2% se tiver taxa fixa. Se o valor for alto pode fazer diferença.
Informar-se agora sobre as várias opções é fundamental. Se quiser jogar pelo seguro e mudar o seu crédito para taxa fixa, peça agora simulações ao seu banco. Antes da Euribor subir. Se pedir a alteração depois disso, vai ficar a pagar muito mais.