A Polygon fechou contratos com três bancos (um português, um suíço e um brasileiro) para o fornecimento da sua plataforma de autenticação biométrica, que pode ser usada remotamente através da web ou de equipamentos móveis. João Rafael Khoeler, fundador da startup há dois anos, espera um crescimento exponencial do negócio, uma vez que a plataforma “está a passar com distinção nos testes e provas de conceito por parte de 30 bancos internacionais”.
O que explica o interesse do sector financeiro pela tecnologia da Polygon? “Propomos um sistema mais seguro do que a autenticação tradicional, que é feita por intermédio do código PIN ou de uma palavra-chave. Com a nossa tecnologia, os clientes podem autenticar-se remotamente através do telemóvel fazendo o reconhecimento facial (tirando uma selfie) ou da voz. Se necessário, a identidade do utilizador pode também ser confirmada pela impressão digital (do dedo indicador)”, explica João Rafael Khoeler, referindo que esta funcionalidade permite, por exemplo, “fazer a abertura de contas bancárias à distância”.
Khoeler sublinha também que a solução se adapta ao perfil de cada cliente. Por exemplo, no contrato que a Polygon estabeleceu com um private bank suíço, o nível da autenticação biométrica varia consoante o volume da transação financeira. “Se for pequena, basta a voz para autenticar, mas se for acima de certo valor pode incluir também a face e a impressão digital”, explica.
A empresa desenvolveu igualmente uma solução de autenticação para pagamentos que permite a um cliente concluir uma compra online e receber um telefonema onde confirma (e paga) a encomenda usando apenas a voz.
Além da banca, a solução da Polygon também está a ser testada por sectores que precisam de confirmar a identificação de clientes ou utentes, como a saúde, a hotelaria ou o retalho. “Temos neste momento 100 mil utilizadores ativos e esperamos atingir 150 milhões no prazo de dois anos em 15 países”, calcula o gestor.
Dois anos a programar
Fundada em 2016 por Ricardo Lopes e João Rafael Khoeler para desenvolver tecnologia biométrica que “pudesse ser usada de forma universal em qualquer ponto do globo”, a Polygon foi um segredo bem guardado até arrancar agora com a fase de comercialização. Durante dois anos, uma equipa de 30 programadores informáticos esteve ‘fechada’ em Setúbal a desenvolver o produto.
Ao mesmo tempo, a Polygon foi fazendo contactos com o mercado, nomeadamente com grandes bancos brasileiros. “Para criar um sistema de identificação que fosse seguro e ágil, percebemos desde o início que era preciso conjugar vários fatores biométricos (voz, face, deteção de vida e impressão digital)”, refere João Rafael Khoeler. “O nosso trabalho de investigação permitiu perceber, por exemplo, que a deteção de vida é confirmada por micromovimentos da face que não acontecem quando é mostrada uma fotografia do utilizador”, explica.
Investidor em tecnologia
A Polygon não é o primeiro investimento de João Rafael Khoeler em tecnologia. Depois de ter vendido a sua participação no negócio familiar (Colquimica), o advogado empreendedor que ganhou notoriedade por ter participado no programa televisivo “Shark Tank” (emitido pela SIC) e por ter sido presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) comprou a totalidade do capital da tecnológica Lapa, que desenvolveu uma aplicação móvel e um dispositivo que ajuda a localizar objetos.
No caso da Polygon, Khoeler é o principal acionista (com a saída de Ricardo Lopes). Ele tem a noção de que a concorrência na área da biometria bancária é forte, mas acredita que a startup está preparada para disputar o mercado mundial com os concorrentes americanos. “A aquisição de clientes bancários é um processo lento, mas acreditamos que vai acelerar, porque os bancos tradicionais estão a desmaterializar o negócio e a fechar balcões. Para competirem com as fintech, os bancos têm de apostar em serviços de homebanking mais alargados onde a biometria é fundamental. Podem, assim, reduzir o número de fraudes”, diz João Rafael Khoeler.