O Tesouro português colocou esta quarta-feira 1000 milhões de euros em dívida de curto prazo, através de dois leilões de Bilhetes do Tesouro (BT) com vencimentos em setembro de 2016 e maio de 2017, pagando uma taxa média ponderada de remuneração mais elevada do que nas emissões anteriores daquelas linhas de BT, mas registando uma procura superior.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou 245 milhões de euros em BT com vencimento em setembro deste ano – dívida a três meses -, pagando uma taxa de 0,075%, quando na emissão anterior havia pago 0,009%. No entanto, a procura foi 2,6 vezes a colocação, um rácio mais elevado do que na operação anterior, quando registou 2,1. Se comparada com a última emissão de dívida a três meses, da linha de BT que vence em julho de 2016, e realizada em abril, a subida da taxa foi ainda mais acentuada, pois passou de uma taxa negativa, de -0,004%, para 0,075% agora.
O IGCP colocou, ainda, 755 milhões de euros em BT com vencimento em maio de 2017 – dívida a 11 meses -, pagando uma taxa de 0,146%, superior à registada na operação anterior, de 0,043%. A procura foi hoje ligeiramente superior à registada na operação similar anterior: 1,6 vezes a colocação face a 1,5 vezes anteriormente.
A subida das taxas nestes leilões de dívida de curto prazo reflete o mesmo padrão do que está a suceder na dívida de médio e longo prazo, com a subida das taxas de juro nas emissões, e das yields no mercado secundário, nos periféricos do euro em virtude do stresse provocado pelo risco de Brexit e da crescente crítica à política monetária do Banco Central Europeu. No entanto, no caso português, “a capitalização da CGD e a fragilidade da banca, como o comportamento do BCP em bolsa, podem estar a aumentar a perceção de risco do nosso país”, refere Filipe Silva, diretor de Gestão de Ativos do Banco Carregosa. Contudo, a procura tem-se mantido elevada, pois “a dívida portuguesa continua a ser uma alternativa para os investidores que procuram algum retorno, uma vez que nos países com menos risco as taxas de curto prazo estão negativas”, refere, ainda, aquele analista.