Poul Thomsen considera que o programa português "começou bem" e "está no caminho certo" mas admite rever a meta de défice no próximo ano caso a economia evolua pior do que o esperado em 2012. "Se o programa for implementado mas houver um enquadramento externo desfavorável que afete o crescimento temos que ter espírito aberto", disse o chefe de missão do Fundo Monetário Internacional em Portugal numa conferência de imprensa telefónica a partir de Washington.
Clique para aceder ao índice do dossiê O resgate de PortugalEmbora elogie o trabalho do governo português, Thomsen avisa que há dois riscos em 2012: algum descontrolo da despesa que se verificou este ano e também a envolvente económica. Ambos vão complicar as contas a Vítor Gaspar num ano em que tem que levar o défice até 4,5% do produto interno bruto (PIB) sem receitas extraordinárias.
Este ano, o governo vai cumprir a meta de 5,9% com recurso à transferência de fundos de pensões dos bancos que permitirão ao défice chegar próximo dos 4%. A partir de agora, estas operações deixarão de ser contabilizadas para efeitos de cumprimento do programa da troika, ainda que pelas regras do Eurostat sejam aceites. Os fundos de pensões agora transferidos representam uma receita a rondar €6000 milhões este ano mas agravarão a despesa em €500 a €600 milhões em 2012.
Faltam reformas estruturais
Uma das preocupações do FMI são as reformas estruturais. Poul Thomsen era um dos grandes entusiastas da chamada desvalorização fiscal (corte na taxa social única compensada por impostos) que acabou por ser abandonada e não acredita muito na meia hora de trabalho adicional. "Sem a desvalorização fiscal fica uma falha nas reformas estruturais", sublinha o responsável do FMI.
A solução, diz, é acelerar as restantes reformas estruturais, algo que o governo já se comprometeu a fazer e que será tema de apreciação na próxima visita da troika para a terceira revisão em fevereiro.