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Governo de transição líbio: caso Lockerbie encerrado

O Conselho Nacional de Transição líbio recusa reabrir investigações sobre o atentado aéreo de 1988 sobre a cidade escocesa de Lockerbie, que matou 270 pessoas. Rebeldes entram na zona leste de Sirte. Clique para visitar o dossiê Revoltas no Magrebe e no Médio Oriente

Maria Luiza Rolim (www.expresso.pt)

O Governo de transição da Líbia negou ao Ministério Público escocês o acesso a documentos ou novas testemunhas que pudessem levar a novos suspeitos do atentado de 1988 contra o voo 103 da Pan Am, sobre a cidade Lockerbie. Em declarações aos jornalistas, o ministro interino da Justiça, Mohammed al-Alagi, disse que "o caso está encerrado".

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O MP da Escócia, que solicitara ao Conselho Nacional de Transição (CNT) "qualquer evidência documental ou testemunhal que possa contribuir com os inquéritos em andamento", não comenta a posição do Governo líbio.

Há dois anos, o ex-agente líbio Abdel Basset al-Megrahi, condenado em 2001 pelo atentado que matou 270 pessoas, foi libertado e devolvido à Líbia por razões humanitárias, por ter cancro em estado terminal. O fato de ter sido recebido como herói no seu país e de ter uma sobrevivência maior do que os médicos previam, provocou a indignação de muitas pessoas na Grã-Bretanha e nos EUA (a maior parte das vítimas era norte-americana).

O tribunal que julgou o caso concluiu que ele não agiu sozinho. Entre os suspeitos está o próprio Muammar Kadhafi, cujo paradeiro continua desconhecido.

CNT: Kadhafi continua na Líbia 

Entretanto, também hoje,  dia em que os rebeldes entraram pela primeira vez na zona leste em Sirte, o presidente do Conselho Nacional de Transição da Líbia, Mustafa Abdeljalil, manifestou-se convicto de que Muammar Kadhafi ainda está no país, numa área deserta do sul.

Em declarações divulgadas pela televisão árabe por satélite Al Arabiya, o dirigente do CNT referiu que o objetivo dos rebeldes é "capturar vivo" o antigo homem forte do país.

"Estou convencido que Kadhafi está na Líbia. Encontra-se algures no vasto deserto líbio perto da fronteira com a Argélia e o Níger, um triângulo difícil de controlar", explicou Abdeljalil.

"Kadhafi deve ser apanhado vivo para que possa ser julgado. Desta forma, o mundo pode conhecer a amplitude dos seus crimes", afirmou.

Hoje, após três dias de avanços e recuos, os rebeldes conseguiram entrar em Sirte, pela zona leste, disparando com tanques contra as forças fiéis a Kadhafi que ainda controlam a cidade. Enquanto isso, caças da Nato, que bombardearam a cidade no domingo, sobrevoavam a zona à procura de novos alvos. 

Combatentes e líbios que fugiram de Sirte afirmam que as forças pró-Kadhafi estão a tentar evitar que as pessoas saiam da cidade, usando-as como escudos humanos.

Os combates entre os rebeldes e apoiantes do coronel prosseguem esta noite. Há uma forte resistência nos arredores de Sirte, e as forças do CNT têm de enfrentar os franco-atiradores de Kadhafi.