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Ano Novo: UGT aponta contradições na mensagem de Cavaco

"Há no discurso uma questão contraditória: a dívida externa e o desemprego", considerou João Proença, para quem, o combate ao endividamento fará aumentar o número de pessoas sem trabalho.

O secretário-geral da UGT, João Proença, considerou hoje que o discurso de Ano Novo do Presidente da República acerta no retrato à sociedade, mas alertou para as contradições entre a luta contra o desemprego e contra o endividamento externo.

"Há no discurso uma questão contraditória: a dívida externa e o desemprego", considerou João Proença, em declarações à agência Lusa.

"As questões que têm a ver com a dívida externa exigem medidas contra-cíclicas, que terão efeitos de aumento do desemprego", acrescentou o secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT).

Dirigindo-se aos portugueses na tradicional mensagem de Ano Novo, o Presidente da República disse na sexta-feira que Portugal enfrenta uma "situação difícil" e alertou que "com este aumento da dívida externa e do desemprego (...) podemos caminhar para uma situação explosiva".

João Proença referiu que Cavaco Silva "faz um diagnóstico importante da sociedade portuguesa e apela à necessidade do diálogo, um diálogo também social, que nos parece importante em relação ao futuro".

O secretário-geral da UGT destacou ainda que o discurso de Ano Novo "refere de forma clara que o Governo deve governar, mas também que deve governar de acordo com o programa de Governo."

Ainda nas questões económicas, João Proença concordou com a análise de Cavaco Silva de que o aumento da competitividade é uma das questões centrais que devem estar na base da economia portuguesa, mas afirmou que este aumento de competitividade "não pode ser sempre feito à custa do trabalhador".