Paulo Portas anunciou esta noite que vai processar judicialmente o ministro da Agricultura, acusando-o de difamação. Jaime Silva afirmou ontem que o presidente do CDS tem "calotes políticos, que são dívidas de explicações que ele não dá aos portugueses", referindo os casos Portucale, a venda do Casino de Lisboa e dos documentos do Ministério da Defesa que o líder do CDS fotocopiou antes de deixar o Governo. Casos, disse, que não podem ser "branqueados".
A resposta de Portas segue para os tribunais, mas também tem uma componente política: o líder centrista exige ouvir José Sócrates sobre o assunto, e perguntou ao primeiro-ministro se este "autoriza que um ministro do seu Governo se dirija aos seus adversários democráticos nos termos inéditos em que fez", se cauciona e se "subscreve as insinuações" do titular da Agricultura. Portas não deu qualquer prazo ao chefe do Governo, mas disse esperar uma resposta amanhã, durante a deslocação de Sócrates às jornadas parlamentares do PS.
O episódio começou no domingo, quando o dirigente do CDS acusou o Ministério da Agricultura de "praticar uma política de calote" em relação aos agricultores, enumerando uma série de por pagamentos em atraso. A resposta de Jaime Silva, na segunda-feira, surpreendeu os centristas.
"O ministro produziu afirmações de gravidade indiscutível. Revelam um estilo. O ministro usa a difamação e insinuações pessoais. Revelam também uma técnica, a amálgama. O ministro sabe que Nobre Guedes foi expressamente ilibado [no caso Portucale], sabe que Telmo Correia apenas foi ouvido como testemunha, sabe que este Governo não revogou a lei do jogo, e que nenhum ministro do CDS-PP foi acusado. E sabe que nenhuma autoridade judicial me dirigiu alguma vez qualquer pergunta", frisou Portas, acusando Jaime Silva de "utilizar insinuações de natureza pessoal, sabendo que isso é falso e sabendo que o trabalho da justiça foi feito".
Para Paulo Portas, "o facto de um ministro do PS fazer estas insinuações não deixa de ser esclarecedor sobre a sua origem e sobre a sua utilidade política". E deixou a acusação: o Governo quer "exercer o poder executivo e judicial ao mesmo tempo", e tem como métodos a crispação, perseguição e insinuação.