É com natural expectativa que o espectador se sentará em casa para ver “O Túnel de Pombos”, o documentário que contém a última entrevista em vida de John Le Carré, assinado pelo consagrado realizador norte-americano Errol Morris (“The Fog of War”, “The Thin Blue Line”), hoje com 75 anos. E será com a mesma naturalidade que o encontro entre o autor do “melhor romance do pós-Guerra”, segundo Philip Roth, e um dos melhores documentaristas do mesmo tempo, vencedor do Óscar da categoria, desiludirá essa expectativa.
Para quem não os conheça, os planos entrecruzados, a retrospetiva encenada, o encanto de Le Carré (nascido David Cornwell, em 1945), a banda sonora de Philip Glass e as perguntas relativamente pertinentes (ainda que previsíveis), talvez tornem a hora e meia um tempo não desperdiçado. Para os que leram Le Carré, estudaram a sua história e acompanharam as incongruências da sua personalidade, o filme de Morris queda-se aquém do potencial.