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Óscares 2025: porque é que o conto de fadas subversivo de "Anora" é um dos favoritos à vitória

Um filme sobre a América em perda, onde o sonho acaba em fracasso. E tudo começa com o casamento de Ivan, filho de um oligarca russo, e Anora, uma stripper de Brooklyn. Nomeado para os óscares de melhor filme, realização, atriz principal, ator secundário e argumento original, “Anora” poderá brilhar no domingo

Mark Eydelshteyn e a estupenda Mikey Madison são Ivan, filho de um oligarca russo, e Ani, uma stripper. Juntos protagonizam uma espécie de “Pretty Woman” do avesso
Augusta Quirk 2024/Anora Productions/LLC

Artigo publicado originalmente a 24 de outubro de 2024

Novo filme de Sean Baker, “Anora” é uma ficção e foi como tal que se apresentou ao mundo em maio, no Festival de Cannes, conquistando uma fabulosa Palma de Ouro absolutamente inesperada pelo cineasta americano. Um carrossel de emoções, escreveu-se então sobre esta comédia endiabrada que também magoa, como as coisas que importam na vida. E no entanto poucos filmes nos falam tanto da América de hoje e de uma realidade nua e crua, quase palpável. A protagonista, que dá nome ao filme e a quem todos tratam por Ani (Mikey Madison, estupenda), é uma stripper de Nova Iorque que, numa certa noite, conhece Ivan, rapaz imberbe de 21 anos (Mark Eydelshteyn), filho de um oligarca russo a transbordar de dinheiro. Ivan está a passar uma temporada de farra num inverno solitário em Brooklyn, em Nova Iorque. E quando convida Ani a visitá-lo na sua mansão, contratando os serviços dela em vésperas de um Ano Novo, nem um nem outro adivinham que, dali a momentos, se vão meter num jato privado e acabar casados em Las Vegas — mais um devaneio das noites tóxicas.