Em 2013 e 2014, Sergei Loznitsa esteve na Praça Maidan de Kiev a filmar, dias a fio, as sublevações populares que levaram ao abandono do ex-presidente pró-russo Viktor Yanukovich. Chamou-se “Maidan”, precisamente, o filme que documentou essa experiência. “Já então se sentia que a guerra estava a chegar”, disse o cineasta em Cannes onde “The Invasion” foi agora apresentado, fora de concurso. Hoje, tal como em outras praças das cidades ucranianas - em especial Kharkiv -, o que se assinala é o luto e o enterro dos mortos.
Há muitos funerais em “The Invasion”, que será a primeira parte de uma trilogia sobre o quotidiano dos ucranianos em tempo de guerra. Quem conhece o trabalho deste cineasta sabe que o seu olhar é o mais 'alérgico' possível aos efeitos de reportagem, isto é, não há explicações, voz off, oráculos. E é curioso notar que “The Invasion” não traz o pessimismo de outras obras do ucraniano, o que chega ao ecrã não é a violência concreta e 'ao vivo', antes os seus efeitos.