Exclusivo

Cultura

Cem anos de Natália Correia: a criação literária e a intervenção política de uma mulher única

A expressão de Natália Correia (1923-1993) constituiu sempre um espetáculo: umas vezes as palavras eram macias e aveludadas, outras escaldantes de cólera e sarcasmo. Nunca recorreu a máscaras. Foi, orgulhosamente, ela própria. No centenário do seu nascimento, que se assinala na próxima quarta-feira, recordamo-la

d.r.

António Valdemar

E

ra uma força da natureza que desejava manter-se na íntegra. Mas só o pôde enquanto a saúde lhe permitiu. Natália Correia queria o impossível: continuar com o porte altivo, imponente, olímpico e a elegância física que faziam parar o Chiado, ou onde quer que passasse. Contudo, os últimos anos foram penosos. Fumar cigarros uns a seguir aos outros e ter apetite devorador para jantares opíparos e ceias pantagruélicas tem o seu preço. As caricaturas do Vasco não foram impiedosas. Um cartunista com força de Vasco podia ter sido muito mais cruel.