Cultura

Anne Teresa De Keersmaeker recebe Prémio Europeu Helena Vaz da Silva esta segunda-feira

A coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker, fundadora da companhia Rosas, recebe esta segunda-feira o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para Divulgação do Património Cultural 2021. A cerimónia está marcada para as 18h, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa

Johan Jacobs

A coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker — uma das protagonistas da dança contemporânea a nível mundial, num percurso firmado ao longo das últimas quatro décadas —, recebe esta segunda-feira o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para Divulgação do Património Cultural 2021. A entrega do galardão à também fundadora da Companhia Rosas está agendada para as 18 horas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Anne Teresa De Keersmaeker nasceu em Mechelen, na Bélgica, em 1960, formou-se na Escola Mudra, de Maurice Béjart, e na Tisch de Nova Iorque, e tem um percurso de cerca de 40 anos, consagrado pelo Leão de Ouro de Carreira, da Bienal de Veneza, em 2015. É autora de coreografias como "Asch", a sua primeira peça, "Fase - Quatro movimentos para a música de Steve Reich", "Rosas dançam rosas", "Toccata", "Cassandra", assim como "A Love Supreme" e "West Side Story", que se encontram entre as suas mais recentes criações.

Para a Companhia Nacional de Bailado criou "The Lisbon Piece", no âmbito da primeira Bienal Artista na Cidade de Lisboa, em 2012, realizada por iniciativa do município. Durante esse ano, Anne Teresa De Keersmaeker manteve uma ligação com a capital portuguesa, que se traduziu em 12 espetáculos, apresentações no Teatro Camões e no Alkantara Festival, revisitação de três coreografias suas com a Companhia Nacional de Bailado, a criação de "The Lisbon Piece", um arraial no Martim Moniz e a dança de um fado, cantado por Gisela João, no Centro Cultural de Belém.

Criou a sua própria companhia, Rosas, em 1983, com a qual "construiu um vasto conjunto de espetáculos que abordam estruturas musicais e partituras de todas as épocas, da música antiga à contemporânea, passando por expressões populares", como sublinha o júri do prémio europeu. A companhia Rosas foi residente do Teatro La Monnaie, em Bruxelas, de 1992 a 2007. Anne Teresa De Keersmaeker recebeu o Prémio de Carreira do American Dance Festival, a ordem das Artes e das Letras de França, a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa e a medalha de Mérito Cultural, do Governo português.

DANÇAR ENQUANTO SE PODE

Em reação à atribuição do prémio, a coreógrafa, que foi a primeira convidada da Bienal Artista na Cidade de Lisboa, em 2012, cita o poeta britânico W.H. Auden para sublinhar as dívidas acumuladas "para com o panorama cultural europeu em geral e para com Lisboa e Portugal em particular". "Quero agradecer ao júri ter-me escolhido para o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva", afirma Anne Teresa De Keersmaeker, através do comunicado do CNC. "A honra é toda minha e evidencia as profundas dívidas que acumulei para com o panorama cultural europeu, em geral, e para com Lisboa e Portugal, em particular. Estes sentimentos de endividamento são perfeitamente resumidos nesta citação de Auden: '(...) dança enquanto podes (...) dança até as estrelas descerem das jangadas, dança, dança, dança até caíres".

O júri do prémio, por seu lado, destacou "a múltipla" contribuição de Anne Teresa De Keersmaeker "para a celebração do Património Cultural europeu", por ser uma "intérprete aclamada das tradições da dança europeia", pela "inspiração" das suas obras que leva à cena através da Europa e pela "escolha de Bruxelas para sede da sua companhia (...) amplamente influenciada pelo caráter europeu e multicultural da cidade". Para os apreciadores de dança, "De Keersmaeker tornou-se, sem dúvida, um ícone da cena cultural europeia, inspirando-se fortemente no património e nas tradições musicais da Europa, tendo conseguido difundir este vocabulário autêntico" noutros continentes, conclui o júri, presidido por Maria Calado, presidente do CNC.

Fizeram também parte do júri o presidente do grupo Impresa, Francisco Pinto Balsemão, o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian Guilherme d'Oliveira Martins, a presidente da Europa Nostra Servia, Irina Subotic, o vice-presidente do Clube Português de Imprensa, João David Nunes, a professora universitária Marianne Roald Ytterdal, do Conselho da Europa Nostra (Noruega), e o vice-presidente da Europa Nostra (Bélgica) Piet Jaspaert.