427 obras da coleção Thyssen vão ficar em Madrid por pelo menos mais 15 anos. A decisão foi oficializada pelo Conselho de Ministros espanhol, na sequência de um acordo estabelecido com Carmen Cervera, a baronesa Thyssen, que é proprietária da coleção juntamente com os seus filhos.
O museu - onde constam obras de grandes mestres europeus desde o século XIV até ao século XX e é um dos mais importantes em Espanha - acolhe a coleção originalmente começada nos anos 20 por um empresário e colecionador de arte germano-húngaro, Heinrich, barão Thyssen-Bornemisza, e continuada pelo seu filho Hans Heinrich. Este último casou em 1985 com Cervera, antiga Miss Espanha, um fator que terá sido chave na decisão de instalar a coleção em Madrid.
Nas negociações agora em curso, que foram prolongadas, um dos pontos mais difíceis foi o estatuto fiscal da baronesa, que se mudou há anos para Andorra. Para manter os benefícios resultantes, não pode passar mais de 183 dias por ano em Espanha e ficou estabelecido que não serão contados os dias em que estiver em solo espanhol a tratar assuntos do museu ou outros relacionados.
Pelo aluguer das obras que são propriedade da baronesa e do seu filho - entre elas, o quadro Mata Mua, do pintor francês Paul Gauguin, que havia saído da coleção no meio de grande polémica -, o Estado espanhol pagará anualmente 6,5 milhões de euros durante 15 anos, segundo o "El País". Chega-se assim ao ponto final de um processo complicado de duas décadas que foi dirigido por sucessivos ministros da cultura, incluindo José Rodríguez Uribes, agora substituído na pasta por Miguel Aceta.
O museu, situado no Paseo del Prado, no centro de Madrid, é uma das peças num triângulo de arte madrileno que também inclui o Museu do Padro e o Rainha Sofia. Tem mais de 1600 quadros e foi inaugurado em 1999.