Um Destino e Tanto...

Cortiçada Art Fest: Celebrar arte, natureza e comunidade no Centro de Portugal

O evento que junta natureza, arte e comunidade está de regresso ao centro do país, de 10 a 16 de junho. Roteiros de obras de arte integradas na paisagem, oficinas, visitas guiadas e performances compõem a terceira edição do Cortiçada Art Fest que assume uma dimensão mais ambiciosa ao trazer 20 artistas internacionais ao território

Durante sete dias, Idanha-a-Nova, Oleiros, Pedrógão Grande, Proença-a-Nova e Sertã recebem o Cortiçada Art Fest, iniciativa do Museu Experimenta Paisagem (MEP) que promove uma fusão única entre arte contemporânea e a exuberante natureza local e oferece aos visitantes uma experiência imersiva e enriquecedora.

20 artistas internacionais, pertencentes à rede do Museu Chillida-Leku, de Hernani, no País Basco, Espanha, apresentam um conjunto alargado de atividades, workshops e performances, destinados a todo o tipo de audiências, de profissionais da educação a estudantes, passando pelo público em geral.

O programa arranca nos dias 10 e 11 de junho, em Idanha-a-Nova e Pedrógão Grande, concelhos que integram o Festival pela primeira vez, mas prossegue, até dia 16, com os artistas do Museu Chillida-Leku a percorrerem os restantes municípios com demonstrações de artes plásticas, arquitetura, bailado e música, sempre "com uma componente digital muito forte”.

Cortiçada Art Fest Menina dos Medos

Experiência Imersiva
Dos sete dias de programação, Marta Aguiar, do Atelier MAG - Marques de Aguiar, coordenador do MEP, destaca sábado, dia 15 de junho, como "um dia extremamente intenso". Começa em Proença-a-Nova com a oficina “Forest Bath” (“Banho de Floresta”), que explora parte do Trilho Cultural Menina dos Medos, atravessa miradouros e visita a obra homónima de canoa pelo rio Ocreza. É de referir que estas paragens integram a Rota nas Linhas de Água, possível de fazer ao longo do ano. Na Aldeia da Menina dos Medos pode almoçar uma refeição preparada pela comunidade local com produtos regionais (requer reserva até dia 31 de maio). O dia prossegue com a atuação da bailarina vertical da companhia de dança Dimegaz, junto à obra "Farol dos Ventos”, da autoria do ateliê MAG, na Serra das Talhadas, com entrada através da aldeia de Chão do Galego e culmina, ao pôr do sol, em Cunqueiros, aldeia encaixada junto a uma ribeira, entre danças e néon de Ane Zelaia, junto à obra de arte "Magma Cellar" (MAG). Em Cunqueiros estão ao dispor barraquinhas com refeições/lanches preparados pelos habitantes da aldeia e adegas abertas a partir das 11h00. A finalizar, no dia 16 de junho, João Pinharanda, diretor do MAAT, de Lisboa, e Catarina Távora, da Orquestra Sem Fronteiras juntam-se para uma conversa.

Cortiçada Art Fest

Arte e Sustentabilidade
O Cortiçada Art Fest leva mais longe "o desenvolvimento territorial desta região do Centro que tem sido atacada violentamente pelos incêndios", diz Marta Aguiar. “A questão de fundo que colocamos é: como inverter este destino de despovoamento, como inverter o movimento das pessoas, e, portanto, o MEP é um instrumento para atrair novos públicos para o centro do país como um destino internacional de arte contemporânea".

Além da questão demográfica são abordadas outras componentes da sustentabilidade durante o Festival. Itziar Insausti marca encontro no dia 12 de junho, pelas 14h00, na Ponte Filipina, Parque da Carvalha, na Sertã, junto à obra “Véu”, para sentar, sentir a natureza e conectar-se para despertar a consciência ecológica através de ferramentas que também incentivam à criatividade. Já o documentário/conversa “O Rio não é um lugar”, de Beñat Iturrioz & Nagore Legarreta, resulta de uma investigação que mostra a importância do rio para o desenvolvimento económico, a agricultura, o gado, mas também para o lazer e relação afetiva entre as pessoas. Tem data marcada para dia 13 junho, pelas 21h00.

Cortiçada Art Fest

Comunidade e Colaboração
A interação com a comunidade local é outro aspeto essencial do Cortiçada Art Fest e tem vindo intensificar-se a cada edição. Todos são convidados a participar. "Estamos a movimentar muitas escolas e público ligado às equipas municipais, bibliotecas e associações culturais que dinamizam, de facto, a região e a mobilizar não só habitantes, mas também as universidades", detalhou Marta Aguiar.

Logo no primeiro dia da programação, 10 de junho, pelas 20h00, uma conversa com o coletivo Yok Yok, Musikene, subordinada ao tema “O Lugar e a Obra de Arte”, recolhe testemunhos, entrevistas sobre Salvaterra do Extremo (Idanha-a-Nova), aborda as tradições, assim como os desafios atuais, os recursos naturais, materiais, construções e vivências da aldeia.

Após duas edições, o Cortiçada Art Fest já contribuiu para "a mudança da narrativa dos próprios habitantes", considera a porta-voz do MEP. “As atividades são desenvolvidas com o envolvimento dos moradores e empresas locais, e fomentam uma progressiva valorização do património que já lá está, das histórias, das memórias, da relação com os lugares".

Cortiçada Art Fest - Farol dos Medos

Mais criações na paisagem e trilhos até 2027
As obras de arte, em torno das quais acontecem muitas das atividades durante o Cortiçada Art Fest, são fruto de outro projeto também desenvolvido pelo MEP nestes territórios, o Landscape Together, que coloca precisamente obras de arte em permanência na paisagem. No âmbito da revitalização do Pinhal Interior - Programa de Desenvolvimento Cultural do Território, em agosto de 2020 foram instalados o Farol dos Ventos, em Proença-a-Nova, o Véu, na Sertã e o Moon Gate, em Oleiros. Entre 2020 e 2021, acrescentaram-se Magma Cellar e a Menina dos Medos, ambas localizadas em Proença-a-Nova. Até 2026 serão inauguradas as criações dos alemães KHBT, em Pedrógão Grande, e do coletivo francês Yok Yok, em Salvaterra do Extremo, em Idanha-a-Nova, e mais seis trilhos culturais, perfazendo um total de sete. Através do Cortiçada Art Fest e Landscape Together, Marta Aguiar acredita que, “até ao início de 2027, esta meta será concretizada”. “Temos vários parceiros internacionais muito fortes, desde a Alemanha, França e Espanha e acreditamos que no final deste período, [o Centro do País] será mesmo um destino internacional”. Para isso considera o Cortiçada Art Fest “uma âncora importante”.

A participação no Cortiçada Art Fest é gratuita mediante inscrição (info@corticadaartfest.pt), as refeições requerem marcação prévia e algumas atividades têm lotação limitada. Todas as obras de arte dispõem de QR Codes com informação adicional.

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