Quando pegaram na antiga venda da mãe, onde, entre outros artigos, se comercializava petróleo para candeeiros, e a transformaram num restaurante, em 2004, Nélia Nunes, Pedro e Osvaldo queriam servir comida como a dos antepassados: caseira, natural, de cozinha paciente, baseada em produtos e receitas locais. E assim foi. Hoje, a matriarca ainda vem abrir a zona do café, pelas 6h30, com o auxílio de outra senhora. Começam a acender o fogo de lenha, “berço” das tachadas, e a preparar o carvão para a grelha. À hora de almoço, os clientes ocupam as mesas de madeira do restaurante A Tasca do Petrol seduzidos pelos fumados, os aromas da lenha e dos sabores caseiros.
“A matéria-prima é quase toda do concelho de Monchique. Não utilizamos panelas de pressão nem caldos Knorr. É tudo primitivo e muito genuíno, como no tempo dos meus avós, com azeite a temperar, banha e nada mais. Quem vem cá gosta de saborear a comida, sabe comer”, garante Nélia, que orienta a cozinha d'A Tasca do Petrol, junto à estrada no Corgo do Vale, que integra a freguesia de Marmelete, no concelho de Monchique.
Os “mistos de entrada” com lombo na banha, morcela, bucho frito ou salada de orelha, as sandes ou pratos de presunto da serra de Monchique abrem caminho às especialidades, muitas confecionadas no fogo de lenha. É o caso do “Cozido de couve com papas de milho”, que se robustece com carnes de porco e enchidos. A diferença para o “Feijão com couve” (€12,50), também servido com papas de milho, é este ser preparado com batata-doce e outro tipo de enchidos. Fica “super saboroso”, afiança a anfitriã.
Típicos em Monchique são os “Milhos com feijão” (€12,50): a curiosidade é que o milho, depois de colhido, necessita de ser “aferventado em água e cinza bem fininha, sem impurezas”. A cinza, explica Nélia, vai “ajudar a cozê-los e dá-lhes um sabor particular”. O “Cozido de grão” (€12,50), o “Cabrito assado no forno com batatinhas”, o “Javali estufado com tomate”, a “Faceira de porco estufada” e as carnes grelhadas no carvão, guarnecidas de batata frita ou migas, dão substância e fazem sonhar com um desenlace radiante, protagonizado pelo “Pudim de mel” (€3,50) de Monchique, cuja receita foi transmitida por uma amiga da família com 83 anos. Conte ainda com as tradicionais tartes de alfarroba e de amêndoa e um copinho de aguardente de medronho para as despedidas. E leve dinheiro para pagar a conta.
O restaurante A Tasca do Petrol (EN 267, Corgo do Vale, Marmelete. Tel. 282955117) integrou o guia “20 restaurantes que merecem o desvio” oferecido com o Expresso no âmbito dos 20 anos da marca Boa Cama Boa Mesa.