1.
Pabe
Ao ambiente fino do Pabe, em Lisboa, entre madeiras escuras, litografias e pratas vitorianas, começaram a rumar as elites ainda antes da Revolução de Abril. Esse restaurante bar era quase uma segunda 'casa' para o jornal Expresso, também nascido na Rua Duque de Palmela. Além do vai-vem de e para a redação, em noites de fecho de edição os jornalistas aguardavam numa mesa mais comprida “as últimas provas” e o veredito da Censura. Recatada e conhecida como “a mesa do Dr. Balsemão”, nela também decorreram os influentes “Almoços no Pabe”, publicados no semanário, convidando nomes como Mário Soares, Jorge Sampaio, Francisco Lucas Pires ou Isaltino Morais. “Segundo consta, naquela mesa houve várias reuniões para a constituição do PSD [então PPD], com Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Miguel Veiga, Joaquim Magalhães Mota e Carlos Mota Pinto”, refere o proprietário, Luís Espírito Santo. É sobretudo à semana, ao almoço, que se discutem os grandes temas e quase todos ali estiveram, de Ramalho Eanes a Álvaro Cunhal, José Sócrates, António Costa, Paulo Portas, Luís Marques Mendes, Rui Rio ou André Ventura. Vítor Constâncio almoçou com jornalistas no Pabe após sair da liderança do PS, e foi esse o palco do último encontro entre Soares e Ernâni Lopes, com a presença de Henrique Monteiro e Ricardo Costa (ambos ex-diretores do Expresso).
2.
O Pote
A partir de finais dos anos 60 do século XX, o agudizar de problemas como a falta de liberdade e a Guerra Colonial abriu a porta a um golpe de Estado. “Só os militares tinham condições para derrubar o regime da ditadura”, explica Vasco Lourenço, Capitão de Abril e presidente da Associação 25 de Abril. Fundou-se o Movimento dos Capitães (Exército), mais tarde designado de Movimento das Forças Armadas (MFA), e adensou-se a conspiração em muitas reuniões. Conseguiram a “neutralidade” da Força Aérea e da Marinha, e uma “participação importante” desta na feitura do Programa do MFA. Uma das reuniões dos oficiais decorreu no restaurante O Pote, em Lisboa, em fevereiro de 1974. Nela, Ernesto Melo Antunes mostrou um manuscrito ao oficial da Marinha Almada Contreiras e a Manuel Martins Guerreiro, com princípios de base para um futuro programa do MFA. As notas dessa apresentação, tomadas por Almada Contreiras e reproduzidas na obra “O 25 de Abril e o Conselho de Estado – A Questão das Atas”, de Maria José Tíscar Santiago, apontavam para um governo de feição democrática, a extinção da PIDE, restauração de liberdades públicas e direitos individuais. A ditadura cai no dia 25 de Abril, com a ação do MFA e o apoio popular. N'O Pote ficaram por vender lampreia e “Mãozinhas de vitela”, levadas para casa do staff. O tacho deixou um rasto de gelatina “marcada rente aos prédios durante anos”.
3.
Tavares
Recuando ao Estado Novo, registem-se as refeições habituais de Américo Thomaz na mesa 14, do diretor da DGS/PIDE, Silva Pais, na mesa 20, e das visitas de Marcello Caetano, a quem Fernando Lopes, então escanção (entretanto proprietário) do Tavares, ofereceu garrafas de whisky. Ainda mais marcante foi o último almoço de Francisco Sá Carneiro, a 4 de dezembro de 1980: Fernando Lopes serviu aos presentes a perdiz que o primeiro-ministro adorava, antes da queda do Cessna que o vitimou Sá Caneiro a caminho do comício do general Soares Carneiro, no Porto. Em 1966, dá-se no Tavares o primeiro encontro do grupo político brasileiro Frente Ampla, juntando à mesa dois antigos adversários, Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek. Depois do 25 de Abril, choviam insultos a quem entrasse no Tavares, para muitos associado ao antigo regime. Fernando teve de fechar a casa, só servia um buffet no piso superior, que Mário Soares encheu “todos os dias”. “Quando veio o Dr. Mário Soares, mais o Dr. Álvaro Cunhal, que foi pela primeira vez ao Tavares, foi um sururu à porta que o senhor não faz ideia!”, recorda Fernando Lopes. Na primeira campanha presidencial, Soares descia a Rua da Misericórdia com a comitiva e vê Fernando à porta. Aproxima-se e entrega-lhe um panfleto: “Eu sei que você não é socialista, mas tome, leia lá!”. Consumada a vitória, convida presidentes estrangeiros para uma refeição no Tavares, saboreando “Santola recheada” e “Tornedó Grand-Duc”. No dia em que fez 46 anos, Cavaco Silva teve no Tavares um jantar “cordial” com Lucas Pires, então presidente do CDS.
4.
Cimas English Bar
Era neste ícone da Avenida Marginal, no Estoril, que Marcello Caetano festejava o aniversário e foi onde almoçou antes da tomada de posse de Adelino da Palma Carlos, outro assíduo. Na história ficaram, também, “reuniões de capitães” de Abril e um ritual do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro: reunia no Cimas com Diogo Freitas do Amaral ou Patrício Gouveia, para não o importunarem com telefonemas. “Almoçavam numa mesa, trabalhavam noutra e saíam às 19h00 ou 20h00”, recorda o proprietário, José Manuel Cima Sobral. Garantem os anfitriões que nestas salas “se fizeram e desfizeram governos”. Pedro Santana Lopes e Paulo Portas almoçaram no Cimas após a dissolução do seu governo, em 2004. “O Santana, sempre com imensa piada, diz assim: ó senhor Mourão, a gente até está muito feliz para quem acabou de ser despedido! Dei uma gargalhada”, recorda Sara Cima Sobral. Paulo Portas e Passos Coelho “entenderam-se aqui em reuniões antes de serem governo”, em 2011, e Passos “trazia sempre uma coisa debaixo do braço para escrever”. Aliás, quando eram eleitos, os executivos do PSD “vinham cá almoçar no dia seguinte à eleição”. Mário Soares, que comia peixe cozido, veio muitas vezes, uma delas com o Conde de Barcelona, e organizou aqui um jantar da Internacional Socialista. Notas ainda para as celebrações eleitorais de Ramalho Eanes, nas presidenciais, para a vinda de Cavaco Silva, “sempre com grandes seguranças”, e um grande habitué, Francisco Pinto Balsemão, que se satisfaz com “Consomé em geleia” seguido de “Caracóis Bourguignone”.
5.
Mónaco
Durante décadas, foi frequentado pela alta sociedade. Ficava na Avenida Marginal que liga Lisboa a Cascais, em Caxias, concelho de Oeiras, e foi também na sua discrição que Mário Soares pensou quando ligou a Cavaco Silva e o convidou para almoçar no Mónaco a 26 de fevereiro de 1986, pouco antes de tomar posse como presidente da República. A relação com o novo primeiro-ministro, vencedor das eleições legislativas e do congresso do PSD na Figueira da Foz, era difícil. Não se tinham entendido para segurar o Bloco Central e Cavaco apoiara Freitas do Amaral na corrida à presidência, contra Soares. Este, questionava o currículo político de Cavaco e a “falta de uma visão externa e humanista”, que fosse além da cultura técnico especializada, lembra José Manuel dos Santos, ex-assessor cultural de Mário Soares. Ainda assim, Soares “reconhecia-lhe e respeitava-lhe a legitimidade”. Tentavam entender-se no que era essencial para o país. “Mário Soares estava bem-disposto, irradiava simpatia, como ele sabe fazer, e voltou a dizer-me que o Governo podia contar com a sua solidariedade. Eu retribuí, afirmando que ele podia contar com um relacionamento correto e a colaboração leal do Governo, no respeito pelas suas competências constitucionais”, revelou Cavaco Silva na “Autobiografia Política”. Porém, o otimismo era moderado e Cavaco concluía “que não podia ficar tranquilo”.
6.
Aviz
Em junho de 1993, subia a tensão entre o presidente da República, Mário Soares, e o primeiro-ministro, Cavaco Silva. Após um telefonema do soarista Gomes Mota, Carlos Monjardino organiza um jantar no restaurante Aviz do Chiado (depois da 'vida' no Hotel Aviz). Convidaram-se 13 figuras do antigo MASP – Movimento de Apoio Soares à Presidência, e serviu-se arroz de berbigão. O mote era a apresentação do novo livro de Soares, “Intervenções VII”, mas foi outro ingrediente a chamar a atenção do Expresso, que titulou em primeira página: “Presidente discutiu dissolução com núcleo duro do ex-MASP – soaristas formulam três condições para eleições antecipadas”. Conforme recordou a jornalista do Expresso Ângela Silva, num artigo em 2016, a “conspiração” estaria em curso e a coabitação com Cavaco, “que já era um inferno, nunca mais se recompôs”. Embora o atual presidente da Fundação Oriente, Carlos Monjardino, considere “um romance” a ideia de conspiração, admitindo apenas a provocação a Cavaco, “mais nada”, José Manuel dos Santos diz que o grupo foi escolhido com “objetivos políticos claros”. Soares “gostava de funcionar em grupos que ele chamava, ironicamente, de conspiração política”. Soares não achou necessário dissolver o Parlamento, face ao desgaste do Executivo. Cavaco, para quem Soares agira como força de “bloqueio”, não se candidatou às eleições de 1995, ganhas por Guterres.
7.
Pap'Açorda
Se no histórico restaurante Pap'Açorda, nascido no Bairro Alto (hoje no primeiro piso do Mercado da Ribeira) se cozinharam eleições? De “certeza absoluta”, garante o proprietário Fernando Fernandes. A cozinheira Manuela Brandão reforça, dizendo que “todas as reuniões importantes de todos os setores eram lá ao almoço”, prolongando-se, depois, à porta fechada. Como se dizia na época, no Pap'Açôrda reunia-se “tout Lisbonne” e o restaurante “revolucionou o Bairro Alto na forma de comer e de estar”. Quando o assunto é o Pap'Açorda, Marcelo Rebelo de Sousa continua a deixar a cozinheira Manuela Brandão decidir o que vai comer. A mesa 26, porém, era a “Mesa Mário Soares”, a preferida do ex-governante, e “não existia a possibilidade de não estar disponível”, nota Paula Ribeiro, amiga da casa e cliente quase desde o início. “O Mário Soares foi muito importante para nós porque deu uma credibilidade enorme ao restaurante”, reconhece Fernando Fernandes. Gostava do pregado frito com arroz seco de tomate e do “Bife de lombo à Portuguesa”, com ovo estrelado. “Ele sentava-se e era como se estivesse em casa. Batia nas costas do Fernando e dizia - Então? Diz àquele gajo para cortar a barba, olha para aquilo! (risos). Punha-se na brincadeira com o José Miranda e a mim puxava-me a bochecha e comentava que comeu lindamente, mas primeiro dizia que estava péssimo (risos)”, conta Manuela.
8.
Gambrinus
A 14 de janeiro de 1996, Jorge Sampaio foi eleito presidente da República, sucedendo a um militante da mesma família política, Mário Soares. Dez dias depois, dá-se um encontro de presidentes, não no Palácio de Belém, onde se passou o testemunho formal, mas à mesa do Gambrinus. A conversa terá acontecido em “clima de convivência”. Soares “deu-lhe alguns conselhos que tinham a ver com a sua experiência”, comenta José Manuel dos Santos, ex-assessor cultural de Sampaio e de Soares. Sampaio comia muitas vezes o bife do lombo e Soares – trouxe consigo outros políticos, de Adriano Moreira a Fernando Henrique Cardoso e Aznar - apreciava o “Court-Bouillon” e lagostins cozidos. Vinha também em família e com amigos, ceando mariscos e pregos após os espetáculos de revista. Na verdade, todos passaram por esta casa emblemática, fundada em 1936. Afluíram figuras do Estado Novo, como Américo Tomás, que veio antes e depois da Revolução de Abril, Spínola e Marcello Caetano. Também apareciam pessoas ligadas ao movimento revolucionário e quem fazia uma gestão deste xadrez de sensibilidades era o sr. Brito, no bar: “Havia a ala esquerda e a ala direita, a Pide e os comunistas, que eram separados e triados por ele, para evitar problemas”, lembra Jaime Domínguez, que divide a gerência atual com Ana Seoane.
9.
Il Gattopardo
A tranquilidade e recato do restaurante Il Gattopardo, do hotel Dom Pedro Lisboa, tornou-o atrativo para políticos de todos os quadrantes, a par de banqueiros e empresários. O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, é presença frequente e também vão surgindo figuras como Paulo Portas, Sérgio Sousa Pinto e Miguel Relvas. A vitória do Partido Socialista nas eleições legislativas de 2005, a primeira com maioria absoluta, permitiu a José Sócrates ascender a primeiro-ministro. O Il Gattopardo, dedicado os sabores mediterrânicos e italianos, era um dos seus restaurantes favoritos. Sócrates já o frequentava antes de ser eleito e continuou a ser “assíduo” depois disso. Quando chegava, trocava cumprimentos com quem se cruzava e era costume trazer um livro de filosofia debaixo do braço, para ir avançando nas leituras. Não raras vezes “marcava à última da hora, mas corria sempre bem e voltava”. O ex-governante “era discreto e pedia sobretudo pastas, como a de alho e azeite, e risottos como de açafrão”. Bill Clinton foi um dos ilustres internacionais a dormir na super luxuosa Suíte Presidencial.
10.
Fialho
Em Évora, este embaixador da gastronomia alentejana motivou, desde a sua génese, visitas de figuras de nomeada no campo político. Destaque para a ligação próxima com o ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, que revelou à Forbes gostar “muito” do Fialho. Fã do “Arroz de lebre”, cultivou “grande empatia” com Gabriel e Amor Fialho e tornou-se cliente regular. Para servir Tony Blair entre as 17h30 e as 19h00, conforme a demanda, teve de se mudar a logística. O ex- primeiro-ministro britânico distribuiu simpatia e gostou da “Sopa de cação”, da “Perna de cabrito” e do pairing com Pêra-Manca. O ritmo de Mário Soares era só dele: “Chegasse a que horas chegasse, com ou sem reserva, tinha o ritual de comer em meia hora”, numa mesa de três ou quatro pessoas. Nas últimas vezes, apareceu aquando das visitas a José Sócrates, à prisão de Évora. Adorava as empadas e “devorava as entradas todas”. Comia sempre a “Perna de Cabrito” e a mulher, Maria Barroso, preferia a “Pescada à Bulhão Pato”. O agora rei emérito espanhol, Juan Carlos, veio duas vezes, uma das quais pela mão de Soares, e também António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa apareceram neste baluarte de boa cozinha.
11.
Horta dos Brunos
A dia 5 de junho de 2011, Portugal foi a votos em Legislativas antecipadas, após o chumbo do PEC IV na Assembleia da República, a demissão do primeiro-ministro José Sócrates e o pedido de resgate financeiro internacional. O PSD venceu e formou um governo de coligação com o CDS-PP. O então líder dos sociais-democratas, Pedro Passos Coelho – assumiria o cargo de primeiro-ministro a 21 de junho – festejou a vitória com apoiantes no Horta dos Brunos, um restaurante de cozinha tradicional portuguesa, em Lisboa. Marcaram presença outras figuras do PSD, como Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes. Passos Coelho já era cliente desta casa antes de chegar à liderança do PSD. Vinha de vez em quando, com a esposa e amigos, e mostrava ser “uma pessoa simples, que se satisfaz com pouco”. Deliciava-se com arroz de entrecosto e costeletas de borrego, mas nessa noite serviram-se outras sugestões. “Abrimos só para eles. Começaram a chegar depois das 22h00, entusiasmados, e proporcionámos uma refeição normal, com entradas e vinhos brancos de início, seguidos de vitela grelhada com batatas fritas e salada. Não inventámos muito, vinha tudo cansado e foi uma ementa simples”, descreve Pedro Filipe, que está à frente deste restaurante com Paula Montenegro. Regaram com bons vinhos e “estavam todos bem dispostos, a felicitar” o vencedor, que tentava responder a todos os abraços.
12.
Camelo
No Alto Minho, há um restaurante de gastronomia regional a que os protagonistas de várias cores políticas não resistem. Há muito tempo que o Camelo, em Viana do Castelo, entrou se tornou paragem obrigatória. Por estas bandas, consta que Jorge Sampaio “sabia apreciar comida”, tal como Ramalho Eanes e Mário Soares, que “era alegre e falava muito” com a equipa de sala. Cavaco Silva comeu “Bacalhau à Camelo” no 10 de Junho e veio como presidente e também quando era primeiro-ministro. Um dia, em campanha, chegou de Ponte de Lima “todo atrapalhado, com uma camisa na mão”. Teve “de ir a correr mudar de camisa a um quarto lá acima, porque uma mulher o tinha abraçado e beijado a camisa, que estava cheia de batom”, ouve-se dizer. António Camelo, o proprietário, gostou de conhecer Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã, Paulo Portas, Santana Lopes e adorou a “simpatia tremenda” do comunista Álvaro Cunhal, a quem também disponibilizou uma sala privada para entrevistas. José Sócrates passou no Camelo quando era primeiro-ministro e António Costa é cliente habitual. Já o “Arroz de cabidela” pedido por Durão Barroso teve de ir para trás, para “se tirar o osso”...
E ainda, as mesas de António Costa…
A noite eleitoral de 4 de outubro de 2015 não correu bem a António Costa, que viu o PS perder as legislativas para a coligação Portugal à Frente, formada pelo PSD e CDS. Ainda assim, seria o PS a formar governo, sustentado por um inédito acordo com o BE, PCP e Os Verdes, conhecido por “geringonça”. Antes da assinatura do acordo, a 10 de novembro, há relatos de negociações entre as forças à esquerda e também de um almoço no restaurante Varina da Madragoa, em Lisboa, talvez com o tema da reviravolta política sobre a mesa. Nesse almoço marcaram presença o secretário-geral do PS, Vieira da Silva e ainda Ferro Rodrigues, que foi eleito presidente da Assembleia da República. Estes socialistas são só alguns dos clientes regulares da Varina da Madragoa, restaurante popular entre as diversas forças políticas representadas no Parlamento e que chegou a ser conhecido como “a cantina” da Assembleia. Voltando a António Costa, são muitos os restaurantes do seu agrado. Na lista podem incluir-se a cervejaria Ribadouro, a Adega Tia Matilde, o Porto Santa Maria (Bill Clinton provou aí um “Peixe ao sal”), onde foi muitas vezes antes de ser primeiro-ministro, sobretudo em família, o Rei dos Leitões (Mealhada), Tia Alice (Fátima), ou ainda o Solar dos Presuntos. Costa ficou sensibilizado com a presença do fundador do Solar, o lendário Evaristo Cardoso, no funeral do seu pai.
… e de Marcelo Rebelo de Sousa
A 24 de janeiro de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa venceu as presidenciais pela primeira vez. Consta que, antes da eleição, terá comido em privado com uma comitiva no Tavares. A sua ligação à restauração é intensa e antiga. Era ele que contactava com o Exame Prévio no arranque do Expresso, esperando o veredito no Pabe, onde Marcelo era habitué. Por vezes, ao falar com alguém, “escrevia com uma mão e comia com a outra”, e chegou a fazer duas reservas para o almoço, dividindo habilmente a atenção entre dois convidados. Condecorou a cozinheira Alice Marto, do restaurante Tia Alice, em Fátima, local em que é “quase da família”, e também Evaristo Cardoso, fundador do Solar dos Presuntos, em Lisboa. Adora o arroz de lavagante do Solar e demora “meia hora” para se sentar, devido à demanda de fotos. Versátil, Marcelo escreveu a lápis a tese de doutoramento no Restaurante Cimas, no Estoril, e todos os anos envia “um cartão de boas festas, pelo Natal”, ao Rei dos Leitões, na Mealhada. Dá-se também à criatividade, como mostram duas idas ao Camelo, em Viana do Castelo. Uma vez pediu “Língua de boi estufada no forno”, mas com arroz de sarrabulho em vez da usual batata e ervilha. Noutra ocasião, quis “arroz de sarrabulho com galo”, em vez dos rojões. O proprietário lembrava que essa combinação não existia. “Vai começar a existir agora, e vai ver, vai ser um prato de sucesso”, respondeu Marcelo, que avançou para a cozinha e ainda mexeu o arroz.