O pico mais alto a sul do rio Tejo, e miradouro excecional, fica situado no Parque Natural da Serra de São Mamede, a 1025 metros acima do nível do mar. Localizado no distrito de Portalegre, esta área protegida abrange 56 mil hectares em que a serra ostenta um microclima com níveis de precipitação superiores às zonas envolventes, originando uma vegetação rica, feita de carvalhos, castanheiros, sobreiros e azinheiras. Para descobrir os tesouros desta área protegida propõem-se percursos pedestres para apreciar a vegetação e observar aves de rapina como o abutre e a águia de Bonelli - o símbolo do Parque Natural da Serra de São Mamede. É possível, por vezes, avistar um javali ou um veado, agora regressados à serra depois de um esforço de reconstituição dos respetivos habitats. Esta é ainda a zona do país com maior número de espécies de anfíbios e répteis. Os percursos sugeridos são sobretudo pedestres, mas existem propostas para fazer de bicicleta ou de automóvel. Entre os mais acessíveis, com 7 km, está o da Barragem da Póvoa, um plano de água com 236 hectares, passando pela Necrópole da Boa Morte, local que indicia que o território é rico em sítios arqueológicos. Se preferir as quatro rodas, um itinerário circular parte de Portalegre, percorre a parte central do parque natural com alguns dos pontos de maior interesse paisagístico e histórico. Desenvolve-se nos concelhos de Portalegre, Castelo de Vide e Marvão, tendo zonas com altitudes superiores a 800 metros, passando por miradouros e parques de merendas. É um passeio de um dia e não convém fazer a viagem a uma segunda-feira para que possa visitar os castelos de Alegrete, Marvão e Castelo de Vide, bem como a sinagoga e outros museus, as ruínas romanas da cidade de Ammaia.
Quarteto de cascatas paradisíacas
Ao descobrir os segredos das montanhas alentejanas vai, certamente, deparar-se com algumas das mais belas cascatas de Portugal continental, muitas vezes acessíveis e noutras a exigir uma exploração mais persistente. Naturalmente que o fato de banho deve acompanhar estes passeios. Sugere-se um “quarteto cascateiro” para descobrir, com ponto de partida e chegada em Portalegre. A GR61 – Grande Rota das Cascatas da Serra de São Mamede, ainda em implementação, mas com indicações já disponíveis no site do Município de Portalegre é a melhor forma de alcançar as diversas quedas de água. Seguindo em direção à Ribeira da Seda alcança-se a queda de água mais fácil de encontrar: a Cascata do Pego do Inferno, também conhecida como Cascata da Ribeira de Arronches, por ser alimentada por este curso de água que cai sobre “uma espécie de concha com generosa capacidade de armazenamento. Durante a época estival esta concavidade, perigosa pela sua profundidade e pela sua natureza rochosa, convida ao mergulho, prática que não se recomenda. Aliás, a denominação toponímica que lhe foi atribuída provavelmente teve origem na perigosidade que a caracteriza”, explica a Câmara Municipal de Portalegre. Como referência, a cascata fica localizada um pouco antes da aldeia de Mosteiros.
Já a Cascata da Cabroeira, também conhecida por Cascata da Rabaça, é provavelmente a mais imponente desta rota de descoberta. Alcançar a imponente queda de água não é tarefa fácil, já que terá de caminhar por terra batida durante cerca de 1 km. O melhor é pedir indicações aos locais, porque não existem placas a assinalar o percurso. No fim do caminho já se ouve o barulho da água que se despenha do alto de um grande penhasco, numa paisagem de cortar a respiração. Caso tenha tempo, siga até Alegrete, uma vila medieval, que faz lembrar Marvão, mas muito menos conhecida. Aqui, encontra um magnífico miradouro para apreciar a bonita paisagem envolvente.
Partindo de Portalegre, depois de percorrer cerca de 13 km pela estrada EN 246-2 e pelo caminho M522 chega-se a um lugar de assinalável beleza e à Cascata da Ribeira de São Julião, mais conhecida por Cascata de Monte Sete. Escondida num vale, onde corre o rio Xévora, e que forma lagoas para refrescar o corpo e espírito, o local é também referência para vislumbrar mais uma pequena queda de água: a Cascata do Salto da Pega, que se localiza junto da aldeia de São Julião.