De cortinas fechadas e com o quarto a meia luz, depois de um longo dia, exploram-se os benefícios do óleo essencial de lavanda deixado na mesinha de cabeceira. Deve aplicar-se nas têmporas ou na nuca “para um efeito relaxante e calmante”. Sobre a cama, um papel sugere a visita à Caza das Vellas Loreto, aberta desde 14 de julho de 1789 e uma das lojas de velas mais antigas do mundo, “se não, a mais antiga”. Dica guardada, ao mesmo tempo que se interioriza o convite do hotel The Ivens para a descoberta, seja em forma de viagem ou do simples usufruto cultural e sensorial.
Este novo alojamento é um ponto de passagem de “exploradores de todo o mundo”, que param no Bairro do Chiado, em Lisboa, e aí repõem energias. Mais precisamente, no cruzamento de duas ruas com os nomes de Roberto Ivens e Hermenegildo Capelo, dois antigos exploradores responsáveis por importantes levantamentos topográficos e estudos de fauna e flora em África. Fizeram o reconhecimento dos grandes lagos do Zaire e do Zambeze, do interior da África Austral, para chegar a Moçambique e às terras de Laca. Das expedições trouxeram desenhos, esboços, cartas, plantas, rochas, fósseis e animais desconhecidos.
Ivens e Capelo chegaram a estar 42 dias perdidos na selva e, ao entrarmos neste edifício do século XIX, antiga casa da Rádio Renascença, é essa memória 'selvagem' que se recupera. Criou-se um “oásis de sentidos” para onde se transporta o hóspede, explica o diretor de operações, António Leão. Surgem as madeiras escuras, azulejos, vasos imponentes, padrões de plantas tropicais e de animais nos tapetes e nas fardas. Veem-se livros de viagens e outros alusivos a Picasso, Basquiat, Beatles ou Sebastião Salgado, todos “exploradores” à sua maneira, em diferentes disciplinas. Para a exuberância do quadro contribui o colorido serigrafias.
Lázaro Rosa-Violán foi quem criou o ambiente das zonas comuns do The Ivens (Rua Capelo, 5, Lisboa. Tel. 210543135). No rés-do-chão fica o concierge e a receção está no primeiro andar. Garante-se, assim, o sossego do check-in. Aparecem os espelhos, cortinas com motivos tribais e um extenso banco de veludo. Ao longo dos corredores azul-petróleo, direciona-se a iluminação para as fotografias e documentos de época, realça-se a geometria da carpete, as lanças e estatuetas de animais. Nesse imaginário cabem chimpanzés, besouros e papagaios. A atmosfera muda nos 87 quartos (desde €480) e suítes. Decorados por Cristina Matos, recebem muita luz natural e privilegiam o descanso, o conforto, sofisticação e os tons claros, somente mais vistosos nos papéis de parede e carpetes que revisitam a fauna e flora. Há duas Suítes Assinatura com vista rio, varandas e chuveiros exteriores para refrescar no verão.
De volta ao lobby, suba as escadinhas e abra a porta da área de restauração... “Uau!” costuma ser a primeira reação... Em contraste com a tranquilidade do hotel, nesta zona o motor é a vibração. Aberto para a rua, o espaço absorve o pulsar do bairro e o que oferece a hóspedes e passantes são três conceitos sob o chapéu do ROCCO, o novo projeto de restauração do grupo Plateform. Cosmopolita e dinâmico, animado pelo DJ ao serão, começa a encher ao final da tarde. Por isso, chegue cedo e usufrua dos vários ambientes.
O Crudo é um champanhe-bar discreto e requintado, de ambiente mediterrânico, com imagens de estrelas de cinema na parede, mesinhas nas escadas e recantos com sofás. Sente-se e inicie com umas Ostras do Sado, Caviar Oscietra ou Gambas ao natural, por exemplo. O Gastrobar tem o pavimento marmoreado e um balcão central, qual barra espanhola. Dispõe de uma vasta seleção de vinhos e cocktails. Pode optar por uns mariscos como o “Lavagante ao natural”, “Casco de sapateira” ou “Caranguejo do Alasca”, explorar os petiscos frios como a “Terrina de foie gras” e o “Bife tártaro trufado”, ou petiscos quentes como o “Creme de sapateira”, “Peixinhos da horta”, e pratos de cozinha portuguesa, como “Bacalhau à Brás” ou o “Polvo grelhado”. Descendo ao Ristorante, prova-se a autêntica gastronomia italiana. O “Lavagante Rocco” e a “Burrata DOP” abrem caminho à seleção de pastas e risottos onde se incluem o “Linguine de lavagante”, o “Ravioli de sapateira” e o “Risotto de carabineiro”. O “Robalo risotto Alle Vongole”, o “Ossobuco com risotto de açafrão”, a “Cotoletta di Vitello Alla Milanese” e o “Bife Rossini” integram os clássicos. Notas finais para a cozinha aberta, as especialidades grelhadas e a maturação de carnes e peixes. Considere a esplanada Terraza e espreite a surpreendente casa de banho, repleta de espelhos, azulejos e onde se vê um vigoroso mármore com seis lavatórios. O hotel dispõe ainda de um ginásio e sala de reuniões.
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