Uma economia é sempre um mix. De mercado com não-mercado. De empresas, com Estado, com organizações sem fins lucrativos e não governamentais. De organizações viradas para a produção (os bens e os serviços de hoje) e de outras viradas para a investigação (a produção e distribuição de amanhã).
Mas uma economia é também uma combinação de práticas variadas e recursos diversos. algumas dessas actividades são saudáveis e alguns desses activos são salubres ... Mas outros são tóxicos.
Por onde anda a toxicidade? Ora … ela está no meio de nós. Em terra e nos mares.
Felizmente a Europa continua, pelo menos em teoria, desperta para o assunto das sustentabilidade (mas não é a única potência atenta: a China está muito activa neste âmbito) e a importância do compromisso contra a existência de substâncias poluentes e persistentes na biosfera.
A Comissão Europeia diz que só 6% dos plásticos neste território são reciclados. O resto é como disse o outro: eles andem por aí. Ou seja, não é apenas uma questão de (uma vez mais) os mercados falharem: são ainda depois os mercados dos desperdícios que falham (“waste markets”) e que poderiam ser devolvidos à sua procedência económica sob a forma de matéria-prima (“inputs”).
Uma nota pessoal neste aspecto para um trabalho desenvolvido com a minha aluna de doutoramento Ana de Jesus (Universidade Nova de Lisboa) sobre a sinergia entre sustentabilidade e inovação: artigo recentemente publicado.
Em Portugal, a penalização dos sacos de plásticos no retalho foi à altura objecto de alguma chacota: mas essa ideia, vindo de um grupo independente de estudo da fiscalidade verde, Presidido pelo Eng. João Vasconcelos (o distinguido primeiro Presidente do regulador da energia em Portugal) e para o qual contribuíram personalidades como Catarina Roseta Palma (do ISCTE). Esta iniciativa foi mérito do anterior governo, diga-se, o mesmo governo que paradoxalmente (ou não!) teve aliás o demérito (míope, gravoso, ruinoso, lesa-inteligência) de desinteressar do compromisso com a mobilidade eléctrica.
Mas assim se vê que mais uma vez se perdeu a oportunidade de desenvolver esta agenda: há demasiado “packaging” em torno dos produtos de consumo, demasiado papel a ser excessivamente cuspido pelas máquinas registadoras, e demasiado mau uso de elevadores, e do automóvel particular, e a lista continuaria.
Uma economia é um mix de boas e más práticas: é preciso promover as primeiras e despistar as segundas. Mas para isso mais liberalismo não serve: uma ideia é um imposto para o plástico, outra ideia é a implementação de padrões de qualidade no abastecimento de “inputs” reciclados pelas empresas, outra é a proibição da exportação de lixo, outra é promoção dos mercados secundários (de reciclados) ao estatuto de mercados de primeira (a solução por defeito).
Uma indústria como a dos plásticos (na Europa gerando nada mais que 350 mil milhões por ano) é só mais uma que não pode ter sucesso à custa da insustentabilidade de todos.