São 20h40 no Parque da Bela Vista, no primeiro dia do Meo Kalorama. O sol ainda não se pôs e o título de homem mais elegante do festival já está entregue. Impecável de fato negro e camisa branca, Josh Tillman, estimável cantor-compositor nascido há 44 anos no meio da América, recorre musicalmente a soluções tão clássicas como na fatiota engomada: ao sexto disco, lançado no ano passado, as canções continuam a habitar a típica interceção indie rock-folk, mas deixam-se embrulhar por um ambiente mais luxurioso, servido por um formato quase big band, que ao vivo também temos a sorte de poder aplaudir. Esta apetência pelo classicismo não quer dizer que, desde a gloriosa estreia com “Fear Fun”, em 2012, Father John Misty - o alter ego que saiu da crisálida do songwriter taciturno J Tillman - não tenha deixado de se reinventar. Em “Mahashmashana”, o disco do ano passado, o norte-americano diz ter querido retirar-se da equação, apagar a personagem. E o que resta quando o faz? Canções, grandes canções - ainda que nem todas abençoadas pelo mesmo toque de Midas.
Exclusivo
Quando se despe a personagem de Father John Misty, o que resta? São canções, senhores, são grandes canções no Meo Kalorama
De fala-barato desconcertante e performer atlético, Father John Misty transformou-se, nos últimos anos, num músico sóbrio e concentrado sobretudo nas canções e na voz - inatacável desde o começo dos tempos. O concerto no Meo Kalorama, esta quinta-feira, aqueceu os corações de quem ainda acredita na magia da música tocada ao vivo, com letras de fino recorte. Foi bonito