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“Quanto mais louco fosses melhor”: do Alcântara-Mar à Bimotor, quando o movimento ‘rave’ em Portugal foi um “Paraíso”

A explosão ‘acid’ do Reino Unido no final dos anos 80 tardou a chegar cá, mas quando o fez, fê-lo com estrondo. No início da década de 90, Portugal descobria a ‘rave’ e embarcava num movimento que tinha como pontos cardeais nomes como os Underground Sound of Lisbon, de DJ Vibe e Rui da Silva, ‘templos’ da dança como o Alcântara-Mar, e editoras como a KAOS, de António Cunha, promotor e editor fulcral da cena. Está tudo em “Paraíso”, de Daniel Mota: já vimos o documentário que se estreia no IndieLisboa

Forget the past, go outside, have a blast são palavras que, a dada altura durante os anos 90, tiveram tanto impacto pelo mundo quanto a famosa expressão de Timothy Leary: Turn on, tune in, drop out. O seu autor é o norte-americano Darin Pappas, vulgo Ithaka, e os sons que a musicaram partiram das experiências eletrónicas de Rui da Silva e DJ Vibe que, juntos, ficaram conhecidos como Underground Sound of Lisbon. O tema, esse, chamava-se ‘So Get Up’ e tornou-se, nessa altura, em um verdadeiro hino para os fãs da música de dança em Portugal, uma “tribo” que se viu (e, grosso modo, continua a ver) à margem das músicas que por cá se fazem. Não é por acaso que em “Paraíso” alguns dos intervenientes repitam, por várias vezes, que aquilo que se escutava nas discotecas era sobretudo o rock, a pop, o reggae; a explosão acid a que se assistiu no Reino Unido tardou a chegar cá, mas quando o fez, fê-lo com estrondo.