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Blitz

Quando todas as instituições ruírem, há uma que resiste e grita: a noite inesquecível dos Xutos & Pontapés na Meo Arena

Com tanta estrada, só os próprios poderão distinguir o que é mais um concerto do que é um cometa, mas queremos acreditar que este sábado, numa Meo Arena lotada e sedenta, assistimos a uma das grandes noites da cronologia destes gigantes. Chorar, sorrir, dançar, saltar: Lisboa sentiu a força dos Xutos

Xutos & Pontapés na Meo Arena, 22 de fevereiro de 2025
Rita Carmo

Outrora inconvenientes, dínamos de revolta, instigadores, os Xutos saboreiam agora os novos significados, universais e agregadores, que a rotação deu às canções. Essa insatisfação, esse nervo e alguma heresia vivem ainda nos versos e nalguma estética (como na cruz a arder nos instantes finais, depois de ‘Avé Maria’), mas tê-los-á amaciado a idade e levou-os também em parte Zé Pedro. A noite não esteve virada para o caos: foi de alegria e conforto. É impossível pensar em Xutos & Pontapés na Meo Arena sem lembrar datas redondas, como o inesquecível concerto de 2004, eternizado em DVD, uma das bitolas para definir ‘o auge’. Aquele suor adolescente não volta mais, mas o que não muda é a fidelidade inquebrável entre a multidão e a banda, ligadas à corrente de início ao fim, que ora é nostálgica, ora se incendeia com um qualquer gatilho para se esquecer da idade e gritar como se fosse a primeira vez.