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Blitz

Entrevista a Mão Morta: “Propomo-nos denunciar o impulso de morte que grassa no ar dos tempos”

O novo álbum dos Mão Morta, “Viva La Muerte!”, tem por base as celebrações dos 50 anos do 25 de abril e os 40 anos do grupo bracarense, com a ascensão do fascismo como pano de fundo. À BLITZ, o vocalista Adolfo Luxúria Canibal falou sobre a génese de um trabalho permeado pela eletricidade dos ‘riffs’ e um coro quase operático, com ecos de José Mário Branco e Kurt Weill, e sobre o espetáculo que se estreou este sábado no Theatro Circo, em Braga. Será sempre, também, uma questão de adrenalina

Mão Morta
Adriano Ferreira Borges

O primeiro e homónimo álbum dos Mão Morta saiu em 1988. Desde então, a banda bracarense nunca tirou o pé do acelerador de ideias, nunca suavizou o interventivo discurso ou limou as afiadas arestas com que sempre cortaram o marasmo circundante. Agora – e apenas porque não foi possível antes, já que um acidente obrigou o vocalista dos Mão Morta a um longo período de repouso em 2024 – a poética verve de Adolfo descarna-se da sua dimensão alegórica e atira-se directamente à jugular do fascismo. Em ‘É Proibido’, enumeram-se questões que são daqui e deste momento da história, numa lista tão real que fere fundo quem possa acreditar que a indiferença é opção viável: “É proibido fazer piadas sobre a polícia que nos vigia / É proibido criar desordens disruptivas da autoridade / É proibido desobedecer à hierarquia e ao Estado / É proibido o jornalismo irresponsável e sem controlo”.