O primeiro e homónimo álbum dos Mão Morta saiu em 1988. Desde então, a banda bracarense nunca tirou o pé do acelerador de ideias, nunca suavizou o interventivo discurso ou limou as afiadas arestas com que sempre cortaram o marasmo circundante. Agora – e apenas porque não foi possível antes, já que um acidente obrigou o vocalista dos Mão Morta a um longo período de repouso em 2024 – a poética verve de Adolfo descarna-se da sua dimensão alegórica e atira-se directamente à jugular do fascismo. Em ‘É Proibido’, enumeram-se questões que são daqui e deste momento da história, numa lista tão real que fere fundo quem possa acreditar que a indiferença é opção viável: “É proibido fazer piadas sobre a polícia que nos vigia / É proibido criar desordens disruptivas da autoridade / É proibido desobedecer à hierarquia e ao Estado / É proibido o jornalismo irresponsável e sem controlo”.