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Recordar Ryuichi Sakamoto um ano após a morte: semear a eternidade ao ouvido

O legado de Ryuichi Sakamoto permanece, resiste e reinventa-se, como é apanágio de uma arte maior e intemporal. Como não revisitar a sua obra, aqui à luz de “Coda”, o documentário de 2017, sem filtros, de Stephen Schible?

Ryuichi Sakamoto em “Coda”, documentário de 2017

Tarkovsky dizia que o objectivo da arte é preparar a pessoa para a morte, arando e fustigando a sua alma. Ryuichi Sakamoto, que tanto o admirava pela mestria e estética sonoras da sua filmografia, provavelmente concordaria com ele, não tivesse ele inclusive preparado uma playlist de 33 faixas para ser tocada no seu funeral, onde desfilam Alva Noto, Bach, Debussy, Morricone, Laurel Halo, Ravel e tantos outros. Assisti recentemente, na Biblioteca de Alcântara – numa iniciativa da associação Zero em Comportamento com que C. me prendou –, ao documentário, de 2017, do realizador Stephen Nomura Schible sobre o músico e compositor japonês, o qual ecoou em mim (não o tinha visionado ainda) como um despretensioso e lúcido tratado poético e político de sensibilidade e sobrevivência humanas.