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Dino D’Santiago: “Deixei as redes sociais por ataques xenófobos. O ódio estendeu-se além do perfil, com ameaças à minha integridade física”

Recordando episódios ocorridos no início deste ano, Dino D’Santiago faz desabafo sobre a necessidade de “abrir espaço para o diálogo” e “sair da bolha do privilégio que nos cega”

Dino D'Santiago
Rita Carmo

Dino D’Santiago deixou um longo desabafo nas redes sociais, esta terça-feira, sobre os “ataques xenófobos” de que diz ter sido alvo em janeiro e que motivaram o seu afastamento temporário das redes sociais. O músico defende que é “necessário abrir espaço para o diálogo, sair da bolha do privilégio que nos cega e nos afasta da empatia para com a memória e, acima de tudo, a história, que persiste em mostrar uma única face da moeda”.

“No dia 6 de janeiro de 2023, deixei as redes sociais por conta de vários ataques xenófobos. Bloqueei grande parte desses agressores, mas o seu ódio estendeu-se para além do meu perfil, com ameaças à minha integridade física”, começa por escrever D’Santiago, “foi nesse momento que me apercebi que precisava de ir mais longe para entender o porquê de nem todo o Tuga ser Luso”.

Recordando conversas que teve com artistas como Emicida, Grada Kilomba, Kalaf ou Bia Ferreira no Brasil, o músico acrescenta: “partilhei a tristeza que carregava ao aperceber-me que o país onde nasci não estava preparado para sair da negação ao passado de desumanização, genocídio e tortura seculares”.

Fala ainda sobre o seu “primeiro contacto com uma religião afrodescendente” e o estudo de ADN que concluiu que a sua origem étnica é composta por sete regiões. “Ainda estou a processar toda esta informação pois tenho impresso no meu ADN a origem do racismo. 82% de África e 18% dos maiores impérios colonialistas europeus”.

“É tempo de concordarmos em discordar e mesmo assim ter a coragem de olhar para o nosso passado com a lente da verdade para que finalmente seja possível neste presente desenhar um Mundu Nôbu”, conclui Dino D’Santiago. Leia o post na íntegra abaixo.