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BLITZ no festival Sziget: as noites de Budapeste são noites de pop, rap, algum rock and roll e liberdade

Fomos sentir o pulso do Sziget, um dos maiores festivais da Europa, que se realiza há 30 anos na Hungria. Com cerca de 90 mil pessoas por dia, a “Ilha da Liberdade” oferece uma experiência intensa, onde as pessoas são livres de montar as tendas em qualquer lugar, se avistam bandeiras LGBTQ+ no país governado por Viktor Orbán e é possível ver uma avó húngara dançar ao som de ‘Royals’, de Lorde

Sziget 2023
Getty Images

Lembram-se do solitário hit no cancioneiro dos Mão Morta, “Budapeste”? Jurava aí Adolfo Luxúria Canibal, de pés bem juntinhos, que as noites de Budapeste eram, nesse tempo, noites de rock and roll. Quem circulasse esta segunda-feira pelo gigantesco espaço do Sziget, o maior festival da Hungria e um dos maiores da Europa, poderia ficar com uma ideia ligeiramente diferente: na penúltima jornada de um programa que se estende por cinco dias e que esta terça-feira chega ao fim, era possível encontrar um trio de folk britânico que com voz, guitarra acústica, violino e contrabaixo lá ia debitando velhas canções de marinheiros, uma dupla de hip-hop a fazer pela vida perante uma audiência reduzida, uma área com um DJ que tocava trance para 20 moços com ar de quem não poderá soprar no balão nas próximas duas semanas e outra em que talentos emergentes europeus se tentavam fazer ouvir acima do bru-á-á generalizado. Houve espaço no cartaz para muitas e ultra variadas propostas e ainda para Lorde, Caroline Polachek e Macklemore, artistas em destaque com espaço no Palco Principal do evento, mas rock and roll, daquele que fazia mover o vocalista dos Mão Morta de bar em bar no seu “Trabi”, é que nem por isso. Quer dizer, nem sinal de nervo elétrico até que os australianos Amyl and the Sniffers entraram em palco dispostos a pegar no que os X-Ray Spex lhes deixaram em herança e partirem a louça toda.