Blitz

Raiva, amor e diversão. Jão, a voz de ‘Idiota’, foi um polvo de emoções no MEO Sudoeste

Na última paragem de uma minidigressão nacional que passou por Lisboa e Porto nos últimos dias, o cantor brasileiro Jão foi brindado com uma pequena (e atrevida) enchente frente a um palco pequeno demais para tantas emoções

Em rápida ascensão dos dois lados do Atlântico, o cantor brasileiro Jão aterrou em Portugal no momento certo: ‘Idiota’ tornou-se um sucesso no início do ano e as quatro datas marcadas em solo nacional são prova de que está muito perto de se tornar um fenómeno. Depois de concertos esgotados em Lisboa e Porto, o artista paulista aterrou num dos palcos secundários do MEO Sudoeste e foi recebido com emoção e alguma safadeza por parte de uma pequena enchente que não se cansou de acompanhar as suas canções com um bonito coro. Num concerto curto, mas efervescente, apresentou alguns dos temas mais fortes do álbum “Pirata”, editado no ano passado, recuando também a momentos anteriores para mostrar que é um verdadeiro polvo de emoções.

Acompanhado por uma banda competente, uma dupla amorosa de coristas - que, a dado momento, brindou o público com uma inspirada versão de 'Say My Name', das Destiny's Child - e um duo de metais, Jão atirou-se a uma aguerrida ‘Me Beija Com Raiva’ e a uma ritmada ‘Amor Pirata’ antes de se dirigir ao público para retribuir algum do amor recebido. “Deixa eu ler o cartaz ali. Eu sou cego para car*lho”, disse, antes de responder a mensagens como ‘Jão, eu te amo como um idiota’, ‘Vem ser meu pirata’ ou uma provocadora ‘Se precisares de mais duas gatas, nós sabemos miar’. “Que é que é isso? Isto é um show de família!”, exclamou, antes de pedir às duas fãs para lhe mostrarem o seu melhor miado… “Os meus gatos não miam assim”, atirou, com desdém bem-disposto. “Agora a gente vai sofrer mais um bocadinho”.

A explosiva balada ‘Acontece’ e uma ritmada ‘A Rua’, recuperada ao disco de estreia, foram bem celebradas antes de apresentar a banda e “envergonhar” um dos elementos do coro, vestida de coração, revelando pormenores sobre a sua relação com um português. “Não posso beijar ela na boca que está para casar”, disse, enquanto a banda ensaiava um excerto de ‘Careless Whisper’, de George Michael, para tornar o ambiente mais romântico. Saltando (tanto quanto o seu pé recentemente fraturado permitiu) entre os tentáculos do gigantesco polvo insuflável montado em palco, o cantor dedicou-se ainda a uma corridinha ‘Essa Eu Fiz Pro Nosso Amor’, com vénias a Cazuza, uma das suas grandes referências, às autodepreciações apaixonadas de ‘Imaturo’, brindada com um bonito coro, e, na reta final, às aventuras de ‘Coringa’, ao hino ‘Meninos e Meninas’ e, claro, ‘Idiota’, reservado para o final apoteótico.