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NOS Primavera Sound: chegou Pabllo Pabllo Pabllo Vittar e o festival parou para vê-la

Aos gritos de "Pabllo, Pabllo, Pabllo", a drag queen e ativista LGBT+ brasileira entrou em palco no NOS Primavera Sound, no Porto, e deu, literalmente, tudo. Mais de uma hora antes, já uma vasta legião de admiradores guardava lugar nas primeiras filas para receber a voz de 'Amor de Quenga', 'Bandida' e 'K.O'. O amor foi retribuído a cada minuto

Já se pressentia que fosse um acontecimento - e confirmou-se. A inclusão da drag queen brasileira Pabllo Vittar num festival habituado a cartazes mais próximos da heteronormatividade gerou reações desproporcionadas onde nem sempre foi claro distinguir que tipo de preconceito estava em causa: se homofóbico ou de snobismo musical.

Ao fim da tarde de sábado, sabíamos quem tinha acorrido ao Parque da Cidade do Porto para ver o ícone LGBT+ nascido há 28 anos em São Luís do Maranhão porque nunca noutra circunstância na edição de 2022 deste festival se verificou tamanha concentração antecipada de fãs nas primeiras, segundas, terceiras filas num palco secundário. A cerca de uma hora da subida ao palco de Pabllo, já se reuniam centenas de pessoas que reagiam à mínima movimentação de palco.

Às 21h19, Pabllo e o seu conjunto de quatro bailarinos entram em cena, os adjuvantes primeiro, ocupando posições simétricas na frente de palco, a artista logo depois, surgindo de costas, virando-se para a plateia num gesto dramático, fazendo rodopiar a sua longa cabeleira loura. Todos de vermelho. Euforia generalizada aos primeiros sintomas de 'Buzina', a que se seguiu um "muito boa noite, Porto!".

No segmento do espetáculo a que a BLITZ assistiu, o desfile musical foi suficientemente heterogéneo para mostrar que Pabllo quer ocupar vários lugares, do electro-brega ao forró eletrónico, do eurodance 90s à pop vitaminada tão bem sintetizada por outra 'esponja' musical bem conhecida, Lady Gaga.

Com uma voz timbrada e capaz de agudos tão inesperados como épicos, Vittar devolve êxitos como 'Bandida', 'Ultra Som' (trepidante e desafiante nas opções eletrónicas) ou 'Disk Me' (uma espécie de balada midtempo). O discurso é, naturalmente, de inclusão e incitação à festa, com momentos em que a artista surge sozinha e aparentemente emocionada, outros de franca cumplicidade com os bailarinos que a acompanham em coreografias e durante as quais nunca perde o fôlego - é uma 'soprano nasal', como descreveu Shannon Sims, no "New York Times".

Um espetáculo de liberdade, pop e elogio de uma música que, já sendo global, nasceu num Brasil feito de muitos Brasis e também feito de muitos mundos. Sobretudo, uma demonstração de poder.