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“Estamos literalmente a cozinhar estes animais vivos”: aumento da temperatura acelera branqueamento de corais

Os recifes de coral abrigam 25% de todas as espécies marinhas e várias indústrias, da pesca ao turismo, dependem destes ecossistemas. Por causa das alterações climáticas, em concreto o aquecimento dos oceanos, o mundo está a atravessar mais um evento em massa de branqueamento de corais. Na Austrália, a maior estrutura viva do mundo está mesmo a sofrer o pior episódio de que há registo

Está a ocorrer um grande branqueamento nos recifes de coral das Ilhas da Sociedade, na Polinésia Francesa
Alexis Rosenfeld

Os oceanos são os pulmões da Terra e os corais são a base de qualquer ecossistema de recife saudável, servindo de casa a milhares de organismos marinhos. Mas, pela segunda vez em menos de dez anos, o planeta está a enfrentar um episódio em massa de branqueamento de corais — e a culpa é das temperaturas recordes dos oceanos, potenciadas pela concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera

“O branqueamento ocorre quando o coral sofre stresse e expulsa as algas simbióticas, plantas minúsculas, que normalmente vivem no interior dos seus tecidos e lhe permitem fazer fotossíntese, ou seja, gerar energia e alimentos a partir da luz solar”, começa por explicar ao Expresso o biólogo marinho Nathan Jack Robinson.

Embora não morram imediatamente após o branqueamento, os corais começam a passar fome e os seus níveis de stresse continuam a aumentar, acrescenta. “Se este processo durar demasiado tempo, o coral acabará por morrer”. Para que assim não seja, as temperaturas do oceano, a pesca excessiva e a poluição têm de diminuir.