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Ambiente

“Os políticos não estão a contar a história certa”: combate às alterações climáticas “não é um sacrifício” para as pessoas

“Não acho que a inteligência artificial vá matar-nos, vai ser útil para nos salvarmos de nós mesmos”, destaca, nesta entrevista ao Expresso, Michal Nachmany, que já aconselhou governos para a gestão da questão climática e que é uma grande entusiasta dos movimentos estudantis pró-ambiente. Ativista e especialista em dados, criou a Climate Policy Radar, para que cidadãos de todo o mundo possam responsabilizar os seus governos

Michal Nachmany
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É “incrível e fantástico” ver jovens nas ruas a protestarem como podem contra a inação de alguns governos face à emergência climática. Michal Nachmany tira alguns minutos para pensar, e reflete que isso é tudo o que tem a dizer. É assim que se opera a mudança, foi assim que algumas guerras chegaram ao fim, foi assim que a mulher conquistou o direito ao voto, e os escravos a sua abolição. Aos 15 anos, escreveu a primeira carta a uma organização ambientalista das Nações Unidas, e nunca mais parou. Na base das transformações, advoga, está a responsabilização das autoridades. Foi com esse intuito que Michal Nachmany fundou, em 2021, e hoje lidera a Climate Policy Radar. Quer que todas as pessoas tenham acesso à legislação e possam reclamar mudança de forma eficaz, com todos os dados na palma da mão.

Especialista em dados, passou uma década no Grantham Research Institute, em Londres, onde liderou o desenvolvimento de uma das mais abrangentes base de dados de legislação sobre alterações climáticas em todo o mundo. A ONG Climate Policy Radar, sem fins lucrativos, recorre à inteligência artificial para que decisores políticos e cidadãos individuais possam aceder, de forma simples, a todos os conteúdos legislativos, por país e por tema, traduzidos para inglês. Mas, em entrevista ao Expresso, a também jurista apresenta uma visão “mais filosófica” e ampla das decisões políticas perante a crise climática.