As ações disruptivas do movimento Climáximo para chamar a atenção do Governo e dos cidadãos para a emergência climática sucedem-se.
Esta sexta-feira o foco foi um quadro de Pablo Picasso, da coleção Berardo, em exibição no Centro Cultural de Belém (CCB). Os dois ativistas aproximaram-se da obra «Femme dans un fauteuil (métamorphose)» e tingiram com tinta vermelha o acrílico que a protegia.
De seguida colaram uma das mãos à parede junto ao quadro e sentados no chão proferiram o discurso preparado: “Não há arte num planeta morto. Temos de parar de consentir uma normalidade onde milhares são assassinados pelos governos e empresas emissoras”.
Os dois jovens (um rapaz e uma rapariga) acabaram detidos pela polícia e levados para a esquadra de Belém.
O quadro, avaliado em 18 milhões de euros, “não foi danificado”, garantem ao Expresso Leonor Canadas e Hugo Paz, porta-vozes do Climáximo. A ativista explica que a escolha desta obra tem a ver com o seu autor. “Foi Picasso que pintou Guernica, a obra-prima que retrata os horrores da guerra civil em Espanha e que, quando questionado pelos agressores sobre se tinha pintado aquilo, lhes respondeu que tinham sido eles a pinta-lo com as suas ações". Hugo reforça que “as ações do Climáximo são pacíficas e não queremos danificar obras de arte, mas chamar a atenção que o planeta também não pode continuar a ser danificado”.
Para os ativistas do Climáximo, “as instituições culpadas pelo colapso climático declararam guerra às pessoas e ao planeta” e consideram que está nas suas mãos e nas da sociedade “parar de aceitar esta normalidade e sensação de falsa paz”.
Leonor Canadas frisa que “sem atuarmos perante a emergência climática estaremos perante um planeta morto e não há arte num planeta morto”.
No comunicado emitido pela Climáximo referem que “em Espanha sofrem-se perdas de colheitas cada vez mais catastróficas para a segurança alimentar das pessoas” e consideram que esta realidade leva "a fome patrocinada por empresas petrolíferas, com planos de expandir a sua infraestrutura de morte".
Para os ativistas “é necessário desarmar o horror de novos projetos assassinos”, onde incluem “os planos de novos aeroportos e a expansão do gás em Portugal”. Exigem também que “quem criou esta guerra pague uma transição energética justa”.
Nos últimos dias, o movimento Climáximo realizou outras ações com o mesmo lema e mensagem. Na madrugada de quinta-feira, ativistas entraram no campo de golf do Paço do Lumiar e cimentaram buracos colocando-lhes em cima uma bandeira com a frase “desarmar as armas” com aviões desenhados. A mensagem neste caso foi lembrar que “em Portugal, a crise de habitação continua, alimentada pela crise climática” e que “estes espaços, dentro da cidade, ao invés de serem convertidos em floresta, habitação, hortas urbanas, ou outro uso público, servem para o luxo dos ricos, à custa de uma quantidade absurda de água”.
Notícia atualizada às 15h44, substituindo o texto original, da Lusa