Ambiente

Neste concurso o lixo ganha forma de arte

Consciencializar a comunidade portuguesa e internacional para a poluição dos oceanos e incentivar à reutilização de materiais são os propósitos da primeira edição do concurso The Trash Art Awards

The Trash Traveler

É o mote “consciencializar através da criatividade e diversão” que define os The Trash Art Awards (“Os Prémios da Arte de Lixo”). O concurso, que decorre entre 16 e 24 de setembro, é promovido por Andreas Noe, conhecido como The Trash Traveler (“O Viajante do Lixo”), e pretende desafiar a comunidade portuguesa e internacional a criar arte a partir de lixo comunitário.

A competição assinala o Dia Internacional da Limpeza Costeira assim como o Dia Mundial da Limpeza - ambos ocorrem todos os anos no terceiro sábado de setembro. Andreas Noe, biólogo alemão, explica que a ideia de criar um concurso surgiu de forma natural.”Nos últimos três anos, as minhas atividades de grupo terminavam sempre com uma pequena peça de arte feita de lixo, então já era uma pequena coisa que eu trabalhava e desenvolvia”, recorda.

Da vontade em envolver o maior número de pessoas possível e de mostrar que a poluição dos oceanos é um problema global, Andreas decidiu tornar a competição mundial. Haverá apenas um vencedor mundial, mas em Portugal serão três vencedores devido ao carinho que o biólogo sente pelo país e por considerar o seu “projeto tão português”.

Experimentar a criatividade

“Não quero enfatizar o prémio, isto é sobre ganhar enquanto comunidade”, explica Andreas. Consciencializar para a poluição e promover a reutilização de materiais são os maiores “prémios” para o The Trash Traveler. Ainda assim, para os vencedores estão reservados vales para uma loja de desperdício zero à sua escolha, ou caso o vale não seja utilizado, o dinheiro reverterá para uma ONG (Organização Não Governamental) também à escolha.

A facilidade de participar a partir de um simples clique da câmara do telemóvel permite que qualquer pessoa concorra sem limitações espaciais. “Ainda que não sejas criativo, experimenta, isso [a criatividade] não importa e talvez o resultado seja engraçado”, explica Andreas que reforça ainda que a “arte é subjetiva”. As fotografias das obras de arte serão avaliadas por um painel de jurados variados, mas com a preocupação com o oceano em comum, entre os quais o artista Bordalo II.

Com submissões de pelo menos 26 países confirmados, Andreas confessa que este concurso “é uma base ótima para fazer de novo para o ano de forma mais profissional, com mais tempo e capaz de chegar a mais pessoas”. Ainda sem planos concretos para o futuro das imagens das obras de arte, The Trash Traveler pretende criar algo que as valorize e mostre a capacidade de reutilização daquilo que é considerado lixo.

Texto de Eunice Parreira editado por Mafalda Ganhão