Pelo menos quatro ativistas climáticos foram hoje detidos no protesto que bloqueou as entradas do complexo junto ao rio Tejo, em Algés, para onde foi marcado o Conselho de Ministros, constatou a Lusa no local.
"Estão mais uma vez a reprimir-nos", disse à Lusa Beatriz Xavier, do coletivo Greve Climática Estudantil de Lisboa.
A Unidade Especial da PSP retirou os estudantes que se tinham prendido às grades da entrada principal do Instituto Português e da Atmosfera (IPMA) e do Ministério do Mar, no concelho de Oeiras, distrito de Lisboa.
Pouco antes das 10:00, os portões da entrada principal foram abertos e alguns veículos civis entraram no complexo.
Os jovens detidos foram conduzidos, algemados, para os veículos policiais.
Um deles decidiu não caminhar, tendo sido arrastado por dois polícias.
Os elementos do coletivo não foram informados do local para onde estes quatro detidos foram conduzidos, disse à Lusa a porta-voz do coletivo, admitindo que todas as pessoas que se prenderam às grades de todo o complexo "foram ou vão ser detidas".
"Vamos saber em que esquadra estão e vamos manifestar-nos à porta", disse Beatriz Xavier.
Vinte ativistas impediram ao início da manhã todas as entradas do IPMA e do Ministério do Mar bloqueando a entrada do local, para onde foi marcada (para as 09:30) a reunião de hoje do Conselho de Ministros.
"Estamos a bloquear todas as entradas onde vai decorrer o Conselho de Ministros. Estamos colados aos portões e em outros casos usamos tubos de ferro", disse então à Lusa Beatriz Xavier.
"É inaceitável que os governos não coloquem nas reuniões a crise climática no centro da mesa de discussão. A humanidade registou os meses mais quentes de sempre e vai ser mais intenso. Já sabíamos disto quando começámos os primeiros protestos em 2019", acrescentou.
Os estudantes usaram cola e alguns estavam emparelhados com tubos de ferro que tapavam as mãos e os braços, estando agarrados uns aos outros nas portas de acesso ao edifício das instalações do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), onde a reunião interministerial deveria arrancar às 09:30. Na porta principal estava colocado um cartaz que diz "último inverno de gás", alertando para os perigos da descarbonização.
"A nossa luta é pelo clima porque é urgente. Vamos ter de continuar a agir", acrescentou, já depois da ação policial, a porta-voz.
Reforço policial
A polícia reforçou a presença no local desde as 09:00 com mais de 10 veículos, a maior parte da Unidade Especial da PSP.
A Avenida Alfredo Magalhães Ramalho, junto a uma rotunda que dá acesso à entrada principal das instalações, em Algés (concelho de Oeiras, distrito de Lisboa), foi bloqueada por veículos da Unidade.
Os trabalhadores do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e de outros organismos que funcionam no complexo onde deveria decorrer a reunião do Conselho de Ministros - e que se encontram no exterior - foram afastados pela polícia, que deixou isolados os manifestantes presos aos portões.
Notícia atualizada às 10h15.