Uma dezena de vendedores ambulantes juntou-se hoje frente à câmara do Porto, distribuindo pipocas e algodão doce em troca de assinaturas num abaixo-assinado que reclama a criação de normas na atividade e a atribuição de lugares de venda.
"A única coisa que queremos é que nos deixem trabalhar", disse à Lusa João Ferreira, um dos organizadores da manifestação segundo o qual "algumas das normas estão mal feitas e as que estão bem feitas não são aplicadas".
Segundo o porta-voz, a câmara lançou em 2010 editais com cerca de 20 lugares de venda de pipocas e algodão doce distribuídos pela cidade que "nunca foram atribuídos".
Regras e rotatividade
"Ninguém sabe quem manda", queixou-se o vendedor para quem os feirantes "andam a ser empurrados de um lado para o outro".
João Ferreira teme que, se não conseguirem trabalhar legalmente, os vendedores terão de o fazer "ilegalmente" uma vez que já tem colegas de profissão que "não têm dinheiro para comer".
O vendedor ambulante acrescentou que os feirantes têm condições de trabalho, podem trabalhar, podem "pagar impostos para contribuir para o país" e que a única coisa que precisam é que a "câmara se resolva e crie normas".
O representante dos feirantes afirmou que inclusivamente já sugeriram a rotatividade dos lugares para "haver justiça e toda a gente poder trabalhar em igualdade de circunstâncias".
Até ao momento foram recolhidas "cerca de 700 assinaturas" no documento que será entregue na próxima segunda-feira durante a Assembleia Municipal da Câmara do Porto.
Reconhecimento da utilidade da venda de cachorros
Com o abaixo-assinado os vendedores pretendem que "seja reconhecida a utilidade da atividade de venda ambulante de cachorros quentes associada à atividade noturna da cidade e a importância como rendimento para a subsistência de muitas famílias".
Querem também que "seja publicado edital para licenciamento da venda de cachorros quentes e que seja cumprido o edital em vigor desde junho de 2010 para pipocas e algodão doce na cidade do Porto".
Os feirantes queixaram-se ainda de terem visto apreendidos carrinhos de venda de cachorros-quentes na madrugada de 24 de março sem lhes ter sido dada "ordem de retirada" ou passado um "auto de contraordenação nem auto de arresto em que constasse uma lista dos bens retirados".
Os carrinhos ainda não foram devolvidos aos seus proprietários mesmo estes "querendo pagar a coima", lamentou o responsável João Ferreira.
A recolha de assinaturas irá prolongar-se até às 19h frente à Câmara do Porto.