Luís Pinheiro, diretor clínico do Hospital de Santa Maria à época do caso das gémeas luso-brasileiras com atrofia muscular espinhal (AME), diz que não teve nenhum contacto direto nem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nem do filho, Nuno Rebelo de Sousa, nem tão pouco do Secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales.
“A ter havido um contacto com o hospital, não foi comigo nem com o Conselho de Administração”, disse o médico, em entrevista à RTP 3, na noite desta quarta-feira.
Luís Pinheiro admite poder ter havido um contacto por parte da Secretaria de Estado da Saúde, tal como é referido nas conclusões da auditoria interna do hospital, mas diz que não passou pelas suas mãos e que o primeiro contacto que teve com o caso das gémeas foi a 20 de novembro de 2021, pela diretora do departamento de Pediatria do hospital.
E ainda desmente o que disse Marcelo Rebelo de Sousa na sua comunicação ao país, quando revela que haveria uma lista de doentes residentes e de não residentes em Portugal e que o hospital teria comunicado que a prioridade do tratamento seria dada aos residentes.
Luís Pinheiro afirma que “essa lista não existia” e que “essa informação, se foi veiculada, não o foi nem pelo Conselho de Administração nem pelo diretor clínico". Mais acrescenta que tal “não corresponderia à prática, nem à decisão” da prática comum da instituição.
"Desconheço em absoluto que o hospital tivesse transmitido, nesse ou noutro teor, uma informação à Casa da Presidência da República que é do desconhecimento do diretor clínico e do Conselho de Administração”, sublinha ainda.
Esta terça-feira soube-se que os resultados da auditoria interna do Hospital de Santa Maria acerca do caso concluíram que o cumprimento da lei foi assegurado em todo o processo, “exceto na referenciação para a consulta de especialidade de neuropediatria” de dois doentes, diz a presidente do Conselho de Administração, Ana Paula Martins.
Ana Paula Martins não adiantou por parte de quem partiu a indicação “via telefone” para a marcação da consulta. O documento fala explicitamente do Secretário de Estado da Saúde à época, Lacerda Sales, que continua a negar ter pressionado a marcação de qualquer consulta.