“Só a mobilização da sociedade civil, juntando profissionais e utentes, poderá impedir o encerramento da maternidade de Santa Maria e a transferência de grávidas para hospitais privados”, garantem os promotores de uma ação de protesto, quinta-feira, de manhã à porta do hospital. O cordão solidário é promovido no dia em que o antigo diretor do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução, Diogo Ayres de Campos, é ouvido no Parlamento, esta quarta-feira.
Na nota enviada à comunicação social é referido que “o planeamento das obras na maternidade de Santa Maria, certamente necessárias, com encerramento programado da maternidade nos meses de verão, quando a falta de profissionais de Obstetrícia se acentua, é uma irresponsabilidade”. Os promotores do cordão solidário sublinham que “o plano para a reorganização da obstetrícia na região de Lisboa resultou na transferência de grávidas para os hospitais privados e todo o processo foi uma confusão, que envolveu o despedimento de chefias por delito de opinião, em que os profissionais nunca foram ouvidos, mesmo quando apresentaram soluções alternativas ao encerramento.”
Assim, “desde cedo, os profissionais da maternidade manifestaram preocupação com a transferência para o Hospital São Francisco Xavier, uma vez que isso implicaria uma redução na capacidade assistencial” e, “tinham razão, quando vemos grávidas serem transferidas para hospitais privados”. Na nota é sublinhado que “as insuficiências nas urgências de obstetrícia da região de Lisboa duram há já alguns anos; e o problema é um e só um: faltam profissionais de saúde no SNS (obstetras, anestesistas, enfermeiros especialistas).”
Os promotores criticam a solução encontrada pela Direção-Executiva do SNS, ao “criar um plano de fechos e concentrações das maternidades, que resultou num ‘puzzle’ de escalas ilegíveis, de alternância entre hospitais da região, que ora fecham, ora abrem” e que, acrescenta, “está ferida de morte à partida: é uma solução que não é feita por racionalidade na distribuição das maternidades, mas sim por falta de profissionais”.