Religião

Uma semana de imagens do Papa na Ásia, onde foi apelar à paz e ao respeito pelos migrantes, pelos idosos e pela natureza

Francisco terminou em Singapura a mais longa viagem do seu pontificado, que passou por Indonésia, Papua Nova-Guiné e Timor

ALESSANDRO DI MEO

O Papa apelou esta quarta-feira em Singapura para a “proteção da dignidade" dos trabalhadores migrantes e a “garantia de um salário justo”, num discurso diante das autoridades da cidade-Estado. Esta é a última paragem da viagem de Francisco na região Ásia-Pacífico, onde passou uma semana a fazer apelos à paz e ao respeito pelos migrantes, pelos idosos e pela natureza.

Gostaria que fosse dada uma atenção especial aos pobres, aos idosos e à proteção da dignidade dos trabalhadores migrantes, que tanto contribuem para a construção da sociedade e a quem deve ser garantido um salário justo”, declarou em Singapura. A Organização Internacional do Trabalho estima que existam 170 milhões de trabalhadores migrantes no mundo, o que representa cerca de 5% da população ativa global.

Singapura é um exemplo brilhante do que a humanidade pode alcançar se trabalhar em conjunto, em harmonia, com sentido de responsabilidade e num espírito de inclusão e fraternidade”, disse ainda o Papa Francisco no encontro com o Presidente de Singapura. Na mesa ocasião, foi-lhe entregue uma orquídea (símbolo do país) com o seu nome.

Esta visita papal começou na Indonésia, onde Francisco valorizou o diálogo inter-religioso. Em Jacarta, Francisco e o grande imã Nasaruddin Umar assinaram uma carta conjunta com o título “Promover a harmonia religiosa em prol da Humanidade”, em que condenam os fundamentalismos e “a instrumentalização religiosa”. No mesmo documento alertam que a crise ambiental “tornou-se um obstáculo ao crescimento e à convivência dos povos”. Os dois líderes religiosos percorreram o Túnel da Amizade, uma ligação subterrânea entre a Mesquita Istiqlal e a Catedral de Nossa Senhora da Assunção

Não vos canseis de sonhar e construir uma civilização da paz. Ousai sempre o sonho da fraternidade, que é um verdadeiro tesouro entre vós. A partir da Palavra do Senhor, encorajo-vos a semear amor, a percorrer, com confiança, a estrada do diálogo”, disse na homilia da missa celebrada num estádio de Jacarta.

De Jacarta, o Papa seguiu para a Papua-Nova Guiné, onde acentuou o apelo ao respeito pela natureza. “Paz! Paz para as nações e também para a criação! Não ao rearmamento e à exploração da casa comum! Sim ao encontro entre povos e culturas, sim à harmonia do homem com as criaturas!”, disse perante milhares de pessoas no Estádio Sir John Guise. Na Papua, Francisco foi até à salva levar brinquedos e medicamentos e também pediu o fim da violência entre tribos.

Seguiu-se Timor, onde metade da população terá ido à missa celebrada pelo Papa Francisco. Mas logo no seu primeiro discurso, perante as autoridades timorenses, fez questão de se referir aos abusos de menores. “Não esqueçamos as muitas crianças e adolescentes feridos na sua dignidade, um fenómeno que está a aflorar em todo o mundo. Todos somos chamados a agir de forma responsável para evitar qualquer tipo de abuso e garantir que as nossas crianças cresçam tranquilamente”, declarou.

A mensagem que o Papa deixou aos jovens timorenses ficou clara entre a juventude no Centro de Convenções de Díli, onde decorreu o último ponto do programa da visita de Francisco a Timor-Leste. “Pediu para fazermos barulho e cuidarmos dos mais velhos”, disse Letícia Amaral. Questionado pela Lusa sobre o que significava o “barulho” pedido pelo Papa Francisco, Letícia Amaral explicou que entendeu a mensagem no sentido de os jovens fazerem ouvir os “seus valores, tomarem decisões e agir sempre segundo os valores católicos”.