É o príncipe Karim Aga Khan IV. Mas chamam-lhe Sua Alteza. O título foi-lhe atribuído por Isabel II, a rainha de Inglaterra, logo depois de Karim, aos 20 anos, assumir o cargo de imã, o 49º imã dos 15 milhões de muçulmanos xiitas ismaelitas. Há cerca de um mês, a 11 de julho, iniciou as celebrações do seu jubileu de diamante e prepara-se para deixar a região de Paris e estabelecer residência em Lisboa.
É um dos homens mais ricos do mundo, dizem as revistas estrangeiras da especialidade, que há pouco tempo situavam a sua fortuna nos quase 14 mil milhões de dólares. Mas é ao mesmo tempo líder espiritual de uma comunidade que doa ao Imamato, que ele próprio gere, cerca de 10 a 12% do que ganha. São milhões e milhões que a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (Aga Khan Development Network — AKDN), uma espécie de Nações Unidas privadas, como já foi descrita, põe ao serviço dos fiéis e da sociedade onde se inserem, em mais de 25 países situados maioritariamente na Ásia Central, na África Subsariana, no Médio Oriente, na Europa e na América do Norte.
Com funções múltiplas e muito além da orientação religiosa e da interpretação do Corão, Karim Aga Khan tem a seu cargo a educação cívica da comunidade, que o adula. Significa isso cuidar do seu bem-estar e guiá-los no sentido de criarem os seus próprios meios de subsistência e as suas carreiras com base nessas orientações. “Os meus deveres são bem mais latos do que os do Papa. Ele só tem de se preocupar com o bem-estar espiritual do seu rebanho”, disse um dia. O príncipe Aga Khan encaminha os seus fiéis em termos de educação e saúde, bem como de finança e economia, valores éticos e sociais. Um rol de áreas que a constituição que criou em 1986, ratificada em 1998, descreve com clareza e faz seguir em todo o mundo e em todas as comunidades através de conselhos nacionais. Portugal não é exceção. No país vivem quase 10 mil ismaelitas, sobretudo na zona da Grande Lisboa, e Aga Khan não tem deixado de investir em terras lusas com protocolos assinados em várias áreas, da ciência à cultura, passando pela educação e pela sustentabilidade.
“A assinatura do acordo histórico entre o Imamat Ismaili e a República Portuguesa para estabelecer em Portugal a sua sede é um marco histórico nos nossos 1400 anos de história. Partilhamos com Portugal os valores da tolerância na diversidade de comunidades e culturas e temos um imenso respeito pelo compromisso do país em partilhar conhecimento para a melhoria das comunidades em todo o mundo”, diz Karim Aga Khan ao Expresso.