Sociedade

Presidente da Guiné à espera do primeiro-ministro

Até saber o que pensa Rui de Barros sobre o incidente com o voo da TAP, o chefe de Estado de transição não se pronunciará sobre os pedidos de demissão apresentados por dois ministros.

O presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo só tomará uma decisão sobre os pedidos de demissão dos ministros dos Negócios Estrangeiros e do Interior quando conhecer os resultados do processo judicial em curso e o que pensa o primeiro-ministro, Rui de Barros, sobre o caso do transporte dos 74 sírios, num avião da TAP, rumo a Lisboa.

No seu discurso de fim do ano, três semanas depois do incidente, ocorrido a 10 de dezembro, Serifo Nhamadjo, diz que, até lá, não se irá pronunciar sobre os pedidos de demissão apresentados, pelo ministro que tutela as embaixadas, Delfim da Silva, e pelo responsável pelas fronteiras, Suka N'Tchama.

Na sua intervenção, o chefe de Estado que assumiu o poder na sequência do golpe de Estado de abril de 2012, reconheceu que "o incidente da passagem por Bissau, a caminho de Lisboa, de 74 cidadãos sírios veio acrescer mais uma acha nas já deficitárias relações entre o nosso país e Portugal".

Para Serifo Nhamadjo, tudo isto afeta a imagem externa da Guiné-Bissau e "lesa a dignidade dos guineenses".

Segundo a agência de notícias PNN, o Presidente de transição criou uma nova Comissão de Inquérito para audição de pessoas alegadamente envolvidas no caso do embarque de 74 cidadão sírios.

Uma fonte próxima da comissão, liderada pelo ministro da Justiça e para qual também foram chamados representantes do Ministério Público e da Polícia Judiciária guineenses, disse à PNN que uma das primeiras pessoas a serem ouvidas foi o ministro do Interior, António Suca N'Tchama, segunda-feira, 23 de dezembro nas instalações do Ministério da Justiça.

A comissão de inquérito criada pelo primeiro-ministro de transição concluiu que o chefe de escala da TAP no aeroporto de Bissau terá recebido orientações do director da escala para África e América, Sérgio Manuel Monteiro Bagulho, no sentido de proceder ao embarque dos cidadãos sírios a 10 de Dezembro, para Lisboa, onde a questão seria resolvida.

Ainda segundo a PNN, foi o ministro do Interior quem terá forçado ao embarque dos 74 sírios, com passaportes falsos, no voo 202 da TAP, invocando razoes de segurança interna da Guiné-Bissau.