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Migrações

Frontex acusada de enviar coordenadas de barcos de migrantes para milícia líbia conhecida pelos métodos de tortura

A Frontex está a ser acusada de colaborar com uma das mais violentas milícias do mundo, a Tareq Bin Zeyad (TBZ), que domina o este e o sul da Líbia, para impedir que mais migrantes desembarquem nas praias de Itália. Um grupo de jornalistas de vários meios de comunicação internacionais obteve informação que mostra que a Frontex partilha as coordenadas de barcos de migrantes com esta milícia, que volta a levá-los para a Líbia, onde tornam a servir de mercadoria às redes de trabalho escravo. A Frontex nega qualquer colaboração com a milícia

ARIS MESSINIS/ Getty Images

A Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira, Frontex, está de novo no centro de uma investigação jornalística na qual é acusada de ter enviado as coordenadas de barcos de migrantes em apuros para a mais violenta de todas as milícias líbias: a Tareq Bin Zeyad (TBZ), feudo de Saddam Haftar, filho de Khalifa Haftar, comandante das forças rebeldes que controlam o leste e parte do sul da Líbia e que a comunidade internacional não reconhece.

A TBZ tem um barco com o mesmo nome, ativo no Mediterrâneo Central desde maio deste ano e, segundo a investigação, pelo menos 1000 migrantes já foram devolvidos à Líbia neste barco, alguns na sequência do envio das coordenadas.

A União Europeia (UE) conhece as características desta milícia, e, em documentos internos consultados pelo consórcio de investigação Lighthouse Reports, refere não só detalhes dos métodos bárbaros utilizados pelos seus membros para controlo da população no leste e sul da Líbia como também a associação direta da TBZ aos mercenários do Grupo Wagner e envolvimento do grupo criminoso em tráfico de seres humanos.