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Migrações

Crise migratória: bloqueio na aprovação do pacto europeu, com países focados nos retornos e em travar o problema antes de chegar à Europa

Parlamento Europeu faz novo braço-de-ferro com os Governos nas migrações. Eurodeputados deixam críticas ao novo Pacto e apontam para insuficiências que não resolveriam situações dramáticas como as de Lampedusa

Milhares de refugiados chegaram à ilha de Lampedusa nas últimas semanas
YARA NARDI/REUTERS

Governos e eurodeputados estão em contrarrelógio para aprovarem a reforma da política de migrações e asilo antes das eleições de 9 de junho. Mas não só o processo está mergulhado num novo bloqueio, como há dúvidas sobre a eficácia das novas regras para resolver situações dramáticas, com a de Lampedusa, onde mais de 10 mil pessoas desembarcaram na última semana em busca do El Dorado europeu.

"Em boa parte, não resolvia", admite ao Expresso Isabel Santos, que acompanha as negociações entre os 27 e o Parlamento Europeu. Para a eurodeputada do PS, o que está em cima da mesa falha "na partilha de responsabilidade" entre Estados-membros. A socialista critica o novo Mecanismo de Solidariedade obrigatória em que os países podem escolher entre acolher refugiados ou pagar para que outros o façam.

À direita, Paulo Rangel considera também que o novo Pacto para as migrações não resolve "um problema de raiz", ao manter "os Estados com fronteiras externas como os únicos responsáveis" pelo tratamento dos pedidos de asilo, o que "cria um desequilíbrio muito grande". Ou seja, Itália e os restantes países da linha da frente, tal como agora, vão continuar a ser os principais responsáveis pelos milhares que chegarem ilegalmente.