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Migrações

Associação de russos de Setúbal classificada como “ucraniana” pelo Comissariado das Migrações

Apesar dos protestos da embaixada da Ucrânia, o Alto-Comissariado para as Migrações vai continuar a reconhecer a Edintsvo, liderada pelo casal russo de Setúbal, como representante da comunidade ucraniana em Portugal. Justificação? O casal e a organização não constam de uma lista negra da UE, elaborada há quase dez anos, em 2014, que só aplica sanções a 21 altos-comandos militares e políticos do Kremlin.

Igor Khashin, cidadão russo que recebia refugiados ucranianos em Setúbal através da associação Edintsvo

Na listagem das associações de imigrantes reconhecidas pelo Estado português, a Edintsvo — Associação dos Imigrantes dos Países de Leste, continua a ser identificada pelo Alto-Comissariado para as Migrações como uma associação “ucraniana”, de acordo com um documento a que o Expresso teve acesso. Apesar de a Edintsvo ser liderada por um casal de russos com ligações ao Kremlin — Igor Khashin e Yulia Khashina, que há um ano estiveram no epicentro da polémica sobre o acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal —, fonte oficial do Alto-Comissariado para as Migrações diz ao Expresso que não vai mudar a classificação da comunidade que a associação representa.

O caso já foi exposto a Sónia Pereira, a alta-comissária para as Migrações, pelo encarregado de negócios da Ucrânia antes de chegar a nova embaixadora, Maryna Mykhailenko. Mas ao que o Expresso apurou, a resposta daquele organismo tutelado pela ministra-adjunta Ana Catarina Mendes terá sido que os documentos destas associações estão em ordem com a legislação portuguesa, pois como a maioria dos associados daquela serão ucranianos, esta teria de ser classificada como tal. Segundo fonte da embaixada, o Alto-Comissariado para as Migrações terá dito que “a situação ia ser avaliada”.