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Num bairro protótipo do que ainda resta de Lisboa, há um restaurante anónimo conhecido de todos

Leia a crítica de Fortunato da Câmara e siga-o até aos melhores restaurantes

d.r.

Os bancos de germoplasma são locais onde se conservam, documentam e valorizam os recursos genéticos de espécies vegetais ou animais. Um local para memória futura, quando for necessário recuperar algo que se tenha perdido. O bairro de Alvalade é talvez o último banco de germoplasma social que Lisboa tem. Antes que os bancos (os outros) acabem com ele à força dos juros, vale a pena perceber que a aclamada “cidade dos 15 minutos” sempre ali existiu. Tudo o que é essencial e muito mais, está disponível nas imediações da Avenida da Igreja. Campo de Ourique é outro bairro de grande qualidade e comércio forte na capital, mas vive uma bipolaridade franco-olissiponense.

Alvalade tem um mercado que é mercado, não um food court disfarçado de tradicional, e permite fazer duas observações de campo. Encontrar lisboetas e até alfacinhas, pasme-se! Ainda haverá turistas a fazerem excursões para conhecerem: “The authentic Lisbon!” Os primeiros são migrantes que vieram povoar a cidade de outras regiões do país, criando segundas e terceiras gerações de nativos, com genética alfacinha, mas que mal se aguentam por cá. A segunda visão é a amostra de um genótipo de classe média em extinção – boa excursão para políticos. Alimenta a microeconomia local, mas não tem sementes replicáveis noutros bairros ou cidades.

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