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Crossfit para todos, todos pelo crossfit: tudo sobre a modalidade que conquistou os portugueses

A modalidade intensa, variada e inclusiva apareceu como moda mas não perdeu tração em Portugal. Conheça a prática que promove o bem-estar físico, mental e social

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Inês Loureiro Pinto

“Vá malta, 30 segundos!... Dez segundos!... Três, dois, um. Descansa!” Um suspiro uníssono de alívio ecoa pelo pavilhão. Depois de um minuto de descanso, a turma de 17 corpos suados repete a sequência de exercícios em fluxo contínuo, quais engrenagens de uma máquina bem oleada. As das oficinas de automóveis na vizinhança do Nortada Crossfit, na Zona Industrial do Porto, ainda não arrancaram e já o treinador Diogo Serra está a terminar o primeiro treino do dia. A turma seguinte começa a chegar. Ainda agasalhados, sentados nos sofás da receção aberta ao grande espaço de treino, observam o que os espera dali a uns minutos. O relógio digital no fundo da sala anuncia as 7h30. Janete Sousa, de pistola de massagem apontada ao ombro, vem avisar os colegas do próximo turno que o treino de hoje é mais difícil na prática do que escrito no quadro a giz. Ex-atleta de polo aquático, Janete deixou a competição depois do nascimento do segundo filho e começou a praticar crossfit dez meses depois. Treina de segunda a sexta-feira às 6h30, antes do trabalho, “porque com filhos não dá para vir à noite”. As inscrições para os treinos abrem 48 horas antes, o que significa que quem teve lugar na segunda-feira madrugou no sábado. “Tenho de pôr alarme às 6h30 para marcar a aula na aplicação. Num minuto vão-se as vagas todas”, conta Janete Sousa, entre risos e sorrisos. Um colega de turno, saído dos alongamentos, veste o casaco azul e branco da equipa da cidade e revela: “Quando chegamos há poucas caras alegres; no fim do treino, estamos todos bem-dispostos.”

Nova turma, a mesma rotina, que Diogo Serra planeia semanalmente para garantir que todos os grupos musculares são exercitados. Depois do aquecimento na bicicleta, o primeiro desafio é um exercício de força. 20 repetições de back squat (um agachamento feito com uma barra apoiada nos ombros), tantas vezes quanto for possível. De seguida, o treinador apresenta o treino do dia, que na gíria da modalidade se chama de WOD — workout of the day. Três power cleans (levantar uma barra até aos ombros e acima da cabeça), seis handstand pushups (flexões em pino contra a parede) e nove wall balls (agachar e atirar uma bola pesada contra um alvo na parede). Esta tríade intensiva deverá ser repetida o máximo de vezes possível durante cinco rondas, cada uma com três minutos de trabalho e um minuto de descanso, tanto suor quanto baste. No final de cada ronda, entre mãos na cintura e mais respiros de alívio, cada um vai ao quadro. O treinador Diogo Serra explica que “o que cada um fez fica escrito no quadro durante o dia” para o respetivo WOD. Os membros do Nortada têm acesso a uma aplicação onde, além de (des)marcarem aulas, podem registar os detalhes do seu treino e assim acompanhar a evolução pessoal. “No último mês tivemos 240 sócios ativos, é muita gente. Organizamos competições internas, passeios de bicicleta, treinos na praia, portanto todos conhecem-se de certa forma… Mas dentro de cada turma de, no máximo, 17 pessoas, há muita cumplicidade. Algumas têm grupos no WhatsApp, e, por exemplo, se alguém falta, eu já sei que a turma vai saber o que aconteceu”, revela Diogo Serra. “É um desporto diferente a partir do momento em que o último tem mais atenção do que o primeiro a acabar”, descreve Janete Sousa.

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